Nota dos editores

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Paula Braga
Leonardo Mello

Resumo

É sempre revelador detectar o nexo entre os artigos que compõem cada edição da Revista Iandé. Com exceção dos números dedicados a dossiês temáticos, a revista publica trabalhos recebidos em fluxo contínuo, então o tema de cada número toma forma depois de um longo processo. Os textos recebidos são encaminhados a avaliadores que fornecem orientações para o aprimoramento da pesquisa. São então retrabalhados pelos autores e finalmente chegam à fase de revisão, editoração e
publicação.


Considerando que nem todos os autores persistem no processo fundamental da publicação acadêmica que é a revisão por pares e reescrita do texto -- provavelmente um efeito da era do imediato e das endorfinas produzidas por emojis de aplausos superficiais --, a seleção final de artigos carrega nas entrelinhas um forte desejo dos autores de levar a público temas, hipóteses, argumentações bem elaboradas e refinadas ao longo de meses. O que é esse desejo?
O conjunto de artigos deste número da Revista Iandé nos sugere que é desejo de alternativas éticas e epistemológicas para a reconstrução do Brasil. Em meio à crise de segurança alimentar que abate o Brasil durante a catastrófica administração da pandemia, Raquel Canoso fornece dados sobre a região do país que mais sofre com a fome, o Nordeste, em um texto que não só recorda os anos em que o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO como também elenca soluções para o aproveitamento dos
recursos de produção de alimentos e combate ao desperdício, defendendo a premissa tão óbvia quanto ignorada de que produção agrícola deve servir ao combate à fome e não ao lucro do agronegócio.


Elaine Maria de Moura Souza discute os desafios para o desenvolvimento industrial brasileiro, e Débora de Araújo Bastos apresenta os primeiros resultados de uma pesquisa sobre educação ambiental no ensino fundamental. No âmbito das relações internacionais, a incredulidade que nos perpassa a respeito dos rumos ideológicos do governo federal é o motor da pesquisa de Stefano Andrade Tomei sobre as obscuras referências intelectuais do ministro das relações exteriores. O artigo de Bruna Amaral Gurgel Xavier escreve uma parte dolorosa da história da desigualdade de gênero no país com o estudo sobre o tratamento dado pelo Estado a adolescentes infratoras na década de 1950.
Literalmente em busca de "outras perspectivas", o texto de Guilherme Guimarães Sebastião investiga a representação do mundo na forma de paisagem, e apresenta alternativas na técnica fotográfica que podem alargar nosso olhar sobre o espaço das cidades. No mesmo movimento de expansão da representação tradicional e portanto das possibilidades de pensar sobre o mundo, Gilberto Ferreira da Silva apresenta a obra de artistas indígenas contemporâneos e Dener Nascimento Savino discute a diferença entre obra de arte e objeto estético, salientando a relevância deste último como forma mental que propicia a experiência estética transformadora.
Os editores agradecem aos autores e às autoras pela dedicação a seus temas de pesquisa, aos avaliadores que colaboraram na seleção e aprimoramento dos textos e à equipe da Revista Iandé, que a cada número realiza nossos desejos de construirmos uma sociedade justa, fundamentada no
pensamento científico e na vitalidade da arte.


Paula Braga e Leonardo Freire de Mello
Março/2021

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Como Citar
BRAGA, Paula; MELLO, Leonardo. Nota dos editores. ÎANDÉ : Ciências e Humanidades, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 3–4, 2021. DOI: 10.36942/iande.v5i1.457. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/iande/article/view/457. Acesso em: 4 nov. 2024.
Seção
Editorial
Biografia do Autor

Paula Braga, Universidade Federal do ABC

Possui graduação (1999) e mestrado (2001) pela University of Illinois at Urbana-Champaign, EUA, e doutorado (2007) em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP-SP). Concluiu um pós-doutorado no Instituto de Artes da UNICAMP em 2012, com financiamento da FAPESP. É professora de Estética no curso de Filosofia da UFABC.

De 2007 a 2012 desenvolveu curadorias para exposições de arte contemporânea, e atuou como consultora para galerias de arte, além de coordenar o Projeto Experiência do Instituto ItaúCultural, voltado para artistas em início de carreira.

É organizadora do livro "Fios Soltos: a arte de Hélio Oiticica" (2008) e autora de "Hélio Oiticica, Singularidade, Multiplicidade" (2013), ambos editados pela Editora Perspectiva, o último com auxílio da FAPESP.

Desenvolve pesquisa nas áreas de Estética, História da Arte e Estudos em Curadoria.

Leonardo Mello, Universidade Federal do ABC

Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras (1992), Administrador Público pela Fundação João Pinheiro (1997), Mestre em Engenharia Civil (Planejamento Ambiental) pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Doutor em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (2007).

Atualmente é Professor Adjunto do Bacharelado em Planejamento Territorial e do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território da Universidade Federal do ABC.

Seu trabalho se concentra nas áreas de Planejamento, Ambiente e Demografia, com ênfase na interface população-ambiente, tendo como principais interesses de pesquisa as questões relacionadas com o complexo população-ambiente-consumo e as dimensões humanas das mudanças ambientais globais, assim como com a participação pública nos processos de tomada de decisão.