Vozes resistentes na e da aldeia da colonialidade às expressões artísticas indígenas contemporâneas
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Resumo
A visão de que as identidades sociais estão diretamente ligadas a constituição de raças, e estas submetidas a um complexo sistema de dominação associadas a lugares e papéis sociais específicos nos leva a questionar: qual é o lugar da arte indígena no panorama de nossa sociedade? Como pensar as manifestações culturais produzidas desde outros referenciais? Até que ponto as artes produzidas pelas populações indígenas revelam modos outros de pensar? Para dar conta deste propósito elegeu-se dois artistas indígenas do povo Guarani: o escritor Olívio Jekupé e o artista visual Xadalu. A metodologia ampara-se na perspectiva ensaística, compreendida como um modo de produzir a reflexão marcada pela trajetória, pelos acessos que teve aos materiais e como as provocações vão anunciando formas para construir a análise, desde a perspectiva do pesquisador/autor. No estudo destaca-se que para Xadalu, as ruas constituem-se o espaço prioritário das manifestações e para Jekupé, o uso da palavra escrita, ferramenta própria do colonizador, é tomada como estratégia para exercitar modos de produção de um projeto que se anuncia já no ato mesmo da construção desta escrita desde outros parâmetros, rompendo assim com a perspectiva de uma leitura que remete para compreensões de menoridade, inferioridade ou hierarquias.
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