Democracídio:
estado de exceção nas periferias brasileiras do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.36942/rfim.v3i1.763Palavras-chave:
violência, periferia, cinema, estado de exceçãoResumo
Em 2014, um grupo de jovens habitantes da periferia brasileira filmou Democracídio. O documentário faz um diagnóstico da democracia brasileira na periferia. Falar da violência aqui traz um diferencial na voz de quem filma, pessoas que a sofrem diretamente e pretendem construir um novo tipo de imagem. Se havia um consenso de que vivíamos em um estado democrático de direito após a ditadura militar, o mesmo não se podia dizer dos bairros onde os produtores moravam, locais em que ainda perdurava expedientes como a tortura, o desaparecimento de corpos e execuções sumárias. Na verdade, na periferia ainda permanecia um estado de exceção. O objetivo deste artigo é, a partir do filme Democracídio e da imagem realizada por um grupo periférico, debater os aspectos autoritários na recente democracia brasileira. Para tanto, fazemos uma relação com as teses Sobre o conceito de história, de Walter Benjamin, e mobilizamos autores como Edson Teles, Vladimir Safatle e Seligmann-Silva. Adentramos os temas do estado de exceção, apagamento histórico, história dos oprimidos e ação revolucionária, mostrando como a violência contemporânea no Brasil tem origem em um passado silenciado.
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