Quadros que falam
Um diálogo entre Judith Butler e Gloria Anzaldúa sobre a ética da não-violência e o enfrentamento da vida precária
DOI:
https://doi.org/10.36942/rfim.v1i3.536Keywords:
Fronteira, Judith Butler, Gloria Anzaldúa, Vida precáriaAbstract
O objetivo deste trabalho é mostrar que a fronteira México-Estados Unidos, dentro de uma perspectiva cultural híbrida, proporciona condições suficientes para o respeito e a convivência com o outro. Nesse sentido, parte-se de uma discussão butleriana da “não violência” para um diálogo com a chicana Gloria Evangelina Anzaldúa, que apresenta a fronteira como um local de transformação constante. Judith Butler e Gloria Anzaldúa buscam na convivência com o outro a constituição de alianças para o reconhecimento de direitos. Uma das alianças que aponta Anzaldúa é o vínculo que existe na formação da língua dos sujeitos que habitam a fronteira e que reforça a condição híbrida do local. É por meio da língua que esses habitantes, comumente chamados de chicanos, são enquadrados dentro da vida precária, mas também será essa língua uma ferramenta eficaz para a formação de um corpo político. Butler e Anzaldúa mostram que é possível pensar em uma ética da “não violência”, bem como estabelecer alianças que forneçam acesso a um corpo político que seja capaz de ocupar espaços públicos. A fronteira não é apenas um “quadro” no sentido butleriano de enquadramento, ela é um quadro que fala, que registra em várias línguas a imagem do rosto chicano dentro de uma coletividade.
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