Quadros que falam

Um diálogo entre Judith Butler e Gloria Anzaldúa sobre a ética da não-violência e o enfrentamento da vida precária

Autores

  • Ada Cristina Ferreira Universidade Federal do ABC

DOI:

https://doi.org/10.36942/rfim.v1i3.536

Palavras-chave:

Fronteira, Judith Butler, Gloria Anzaldúa, Vida precária

Resumo

O objetivo deste trabalho é mostrar que a fronteira México-Estados Unidos, dentro de uma perspectiva cultural híbrida, proporciona condições suficientes para o respeito e a convivência com o outro. Nesse sentido, parte-se de uma discussão butleriana da “não violência” para um diálogo com a chicana Gloria Evangelina Anzaldúa, que apresenta a fronteira como um local de transformação constante. Judith Butler e Gloria Anzaldúa buscam na convivência com o outro a constituição de alianças para o reconhecimento de direitos. Uma das alianças que aponta Anzaldúa é o vínculo que existe na formação da língua dos sujeitos que habitam a fronteira e que reforça a condição híbrida do local. É por meio da língua que esses habitantes, comumente chamados de chicanos, são enquadrados dentro da vida precária, mas também será essa língua uma ferramenta eficaz para a formação de um corpo político. Butler e Anzaldúa mostram que é possível pensar em uma ética da “não violência”, bem como estabelecer alianças que forneçam acesso a um corpo político que seja capaz de ocupar espaços públicos. A fronteira não é apenas um “quadro” no sentido butleriano de enquadramento, ela é um quadro que fala, que registra em várias línguas a imagem do rosto chicano dentro de uma coletividade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACOSTA, Alberto. El buen vivir: una vía para el desarrollo. Quito: Abya-Yala, 2009.

ANZALDÚA, Gloria E. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.

ANZALDÚA, Gloria E. Borderlands/La frontera: The New Mestiza. Trad. Carmen Valle. Madrid: Capitán Swing, 2016.

ANZALDÚA, Gloria E. Como domar uma língua selvagem: Gloria Anzaldúa. Trad. Joana Plaza Pinto; Karla Santos; Viviane Veras. Cadernos de Letras da UFF, dossiê Difusão da língua portuguesa, n. 39, p. 305-318, 2º sem. 2009.

ANZALDÚA, Gloria E. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Trad. Édna de Marco. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 229-236, 2000.

ANZALDÚA, Gloria E. La conciencia de la mestiza/Rumo a uma nova consciência. Trad. Ana Cecilia Acioli Lima. Revista Estudos Feministas, v. 13, n. 3, p. 704-719, set.-dez. 2005.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço e Gláucia Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

BUTLER, Judith. Caminhos divergentes: judaicidade e crítica ao sionismo. Trad. Rogério Bettoni. São Paulo: Boitempo, 2017.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. E-book.

BRETAS, Aléxia Cruz. A condição inumana: o papel do negativo na ética da vulnerabilidade de Judith Butler. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 11.; WOMEN’S WORLDS CONGRESS, 13., 2017, Florianópolis. Anais eletrônicos [...]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2017.

CANSECO, Alberto Edmundo. Politizando la escena ética. La lectura butleriana de la propuesta levinasiana. Alpha, n. 44, p. 253-263, 2017.

COSTA, Cláudia de Lima; ÁVILA, Eliana. Gloria Anzaldúa, a consciência mestiça e o feminismo da diferença. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 691-703, set.-dez. 2005.

GONZALES, Rodolfo C. I am Joaquin. s/d. Disponível em: http://www.latinamericanstudies.org/latinos/joaquin.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Downloads

Publicado

2021-12-15

Como Citar

FERREIRA, Ada Cristina. Quadros que falam: Um diálogo entre Judith Butler e Gloria Anzaldúa sobre a ética da não-violência e o enfrentamento da vida precária. Revista de Filosofia Instauratio Magna, [S. l.], v. 1, n. 3, p. 178–207, 2021. DOI: 10.36942/rfim.v1i3.536. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/instauratiomagna/article/view/536. Acesso em: 19 abr. 2024.