A violência como possibilidade real em Benjamin e Schmitt

Autores

  • Marcos Machado Universidade Federal do Paraná - UFPR

DOI:

https://doi.org/10.36942/rfim.v3i1.764

Palavras-chave:

Benjamin, Schmitt , Violência, Poder, Execução

Resumo

Neste artigo, entrecruzaremos dois pensadores antagônicos: de um lado, o filósofo Walter Benjamin, entrincheirado contra o nazismo; de outro lado, o jurista Carl Schmitt, adepto desse projeto totalitário. Apesar de se situarem em lados opostos da história, nosso objetivo consiste em analisar o desdobramento do termo violência, conforme expresso no texto de Benjamin Crítica da violência e crítica do poder e na obra O conceito do político, de Schmitt. No texto de Benjamin, as ponderações são especificamente acerca dos tipos de violência que eventualmente poder-se-iam se manifestar como legítimas. Além de questionar o porquê de a violência ser tão temida pelo Estado. A constatação do filósofo é que a violência pode exercer dois papéis fundamentais, a saber, o de instituir um novo Direito ou o de preservar o status quo; enquanto que na obra de Schmitt o ato da violência é admitido como uma possibilidade real, sobretudo em decorrência do agrupamento amigo/inimigo, cuja escolha pelo adversário evidencia o caráter decisório do soberano, que além de deflagrar o seu inimigo poderá instaurar o estado de exceção. Há a possibilidade, portanto, de instituir duas faces da violência. Trata-se, então, de analisar em que medida entre os teóricos Benjamin e Schmitt a violência torna-se uma possibilidade real e efetiva da ação política.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

A BÍBLIA Sagrada. São Paulo: Paulus, 2002.

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. São Paulo:

Boitempo, 2004.

BENJAMIN, Walter. Crítica da Violência. Crítica do Poder. Documentos de Cultura, Documentos de Barbárie. Trad. e Org. de Willi Bolle.

São Paulo: Cultrix. EDUSP, 1986.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo:

Brasiliense, 1987.

BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.

BENJAMIN, Walter. Origem do Drama Trágico Alemão. Trad. e Ed. de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

BUENO, Robert. Carl Schmitt, leitor de Donoso Cortés: ditadura e exceção em chave teológico-medieval. Revista brasileira de estudos políticos. Belo Horizonte, n. 105, 2012.

DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

FRANCO DE SÁ, Alexandre. Dialectica da teologia política: Carl Schmitt, Erik Peterson e Giorgio Agamben. Interações. Belo Horizonte, v.

, n. 1, 2020.

FRANCO DE SÁ, Alexandre. Soberania e poder estatal. Carl Schmitt e uma reflexão sobre o futuro. Revista filosófica de Coimbra. Coimbra, n. 20, 2001.

GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Violência e racionalidade jurídica: sobre a potência dos meios. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte, n. 108, 2014.

KIRSCHBAUN, Saul. Carl Schmitt e Walter Benjamin. Cadernos de filosofia alemã. São Paulo, n. 8, 2002.

KLEIN, Joel Thiago. A teoria da democracia de Carl Schmitt. Princípios. Natal, v. 16, n. 25, 2009.

LIMA, Deyvison Rodrigues. O conceito do político em Carl Schmitt. Revista de Filosofia Argumentos. Ceará, n. 5, 2011.

MOUFFE, Chantal. El retorno de lo político: comunidad, ciudadanía, pluralismo, democracia radical. Trad. Marco Aurelio Galmarini. Barcelona: Paidós, 1999.

MOUFFE, Chantal. Sobre o político. Trad. Fernando Santos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

PEIXOTO et al,. O real estado de exceção de Walter Benjamin contra o “estado de exceção” de Carl Schmitt. Revista Limiar. Guarulhos, v. 9, n. 17, 2022.

PINHO, Isabela. Para uma crítica da violência: Walter Benjamin e a incipiente República de Weimar. Revista Limiar. Guarulhos, v. 9, n. 17,

SCHMITT, Carl. A crise da democracia parlamentar. Teologia Política. Trad. Inês Lohbauer. São Paulo: Scritta, 1996.

SCHMITT, Carl. O conceito do político / Teoria do Partisan. Trad. de Geraldo de Carvalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Walter Benjamin: o Estado de Exceção entre o político e o estético. Outra travessia. Santa Catarina, n. 5, 2005.

SILVA, Jailane Pereira da. Walter Benjamin e o direito: violência pura como estado de exceção efetivo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.

TRAVERZO, Enzo. ‘Relações Perigosas’: Walter Benjamin e Carl Schmitt no crepúsculo de Weimar. Rev. Direito e Práx. Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, 2020.

Downloads

Publicado

2023-11-16

Como Citar

MACHADO, Marcos. A violência como possibilidade real em Benjamin e Schmitt. Revista de Filosofia Instauratio Magna, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 10–40, 2023. DOI: 10.36942/rfim.v3i1.764. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/instauratiomagna/article/view/764. Acesso em: 2 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê