Platão atribui às mulheres a condição de sujeitos morais?
Uma análise a partir do livro V do diálogo A República
DOI:
https://doi.org/10.36942/rfim.v1i2.393Palavras-chave:
Ética Igualdade de Gênero Platão, RepublicaResumo
Muitas feministas criticam as teorias morais tradicionais da filosofia sob a justificativa de que muitas dessas teorias têm se preocupado pouco ou quase não têm focado em questões relacionadas ao gênero feminino como aspecto central das discussões éticas. Muitas vezes as questões relacionadas à feminilidade entram no debate de forma superficial e sem a devida importância que ostenta. Nesse sentido, algumas feministas têm desenvolvido teorias que ex põem esse viés masculino das teorias morais tradicionais, ressaltando a subordinação e domínio que os homens exercem em relação às mulheres, reduzindo o seu papel unicamente ao âmbito privado, doméstico. Essas teorias éticas feministas reivindicam direitos iguais, igualdade de tratamento e participação, sugerindo, assim, uma reconstrução dos padrões éticos até então discutidos no âmbito da teoria normativa. É possível visualizar uma igualdade entre homens e mulheres já no diálogo A República de Platão, mais especificamente em seu livro V. Platão, em diálogo com G lauco e Adimanto, defende que homens e mulheres são iguais por natureza, havendo distinção apenas quanto às funções que cada um deve exercer na sociedade, decorrência lógica da concepção de justiça proposta pelo filósofo. Partindo desse pressuposto, o objetivo deste artigo é analisar se Platão atribui às mulheres a condição de sujeitos morais, a partir de suas ideias ex postas no livro V do diálogo A República.
Downloads
Referências
ANDERSON, Pamela Sue. Feminism in Philosophy. In: GAMBLE, Sarah. The Routledge
Companion to Feminism and Postfeminism. 2ª ed. London: Routledge, 2006.
ANNAS, Julia. Introduction to Plato’s Republic. 1ª ed. Oxford: Clarendon Press, 1981.
BAIER, Annette. What do women want in moral theory? Noûs, vol. 19, n. 1, p. 53-63, março,
BARTKY, Sandra Lee. Femininity and domination: Studies in the Phenomenology of
Oppression. 1ª ed. New York: Routledge, 1990.
BOEHRINGER, Sandra. Comment classer les comportements érotiques? Platon, le sexe et
erôs dans le Banquet et les Lois. Études platoniciennes 4, p. 45-67, 2007. DOI:
https://doi.org/10.4000/etudesplatoniciennes.902. Acesso em 22 de Março de 2021.
BLOOM, Allan. The Republic of Plato. Translated with notes and an interpretive essay. 2ª
ed. New York: Basic Books, 1968.
CACCIA, Lewis. The status of women among the guardian class: feminism in relation to
Plato’s Republic. Atenea, vol. 32, n. 1-2, p. 19-30, 2012.
DAHL, Norman. Plato´s defence of justice. In: FINE, Gail. Plato2 Ethics, Politics, Religion
and the Soul. 1ª ed. Oxford: Oxford University Press, 1999.
ERNOULT, Nathalie. Une utopie platonicienne: la communauté des femmes et des enfants.
Clio. Histoire‚ femmes et sociétés 22, p. 211-217, 2005.
DOI: https://doi.org/10.4000/clio.1778. Acesso em 24 de Março de 2021.
FORDE, Steven. Gender and Justice in Plato. American Political Science Review.
Cambridge University Press, vol. 91, n. 3, p. 657-670, 1997.
GILLIGAN, Carol. A Different Voice: Psychological Theory and Women´s Development. 1ª
ed. Cambridge: Harvard, 1982.
JAGGAR, Alison Mary. Feminist Ethics. In: LAFOLLETTE, Hugh; PERSSON, Ingmar. The
Blackwell Guide to Ethical Theory. 2ª ed. New York: Blackwell Publishing Ltd, 2013.
NUSSBAUM, Martha. Poetic Justice: the Literary Imagination and Public Life. 1ª ed. United
States of America: Beacon Press, 1995.
OKIN, Susan Moller. Women in Westen Political Thought. 1ª ed. New Jersey: Princeton
University Press, 1979.
PLATÃO. A República: ou sobre a justiça, gênero político. Tradução de Carlos Alberto
Nunes. 3ª ed. Belém: EDUFPA, 2000.
PLATON. Oeuvres complètes. La République. Traduction nouvelle avec introduction et
notes par Robert Baccou. 1ª ed. Paris: Librairie Garnier Freres, 1966.
SANTAS, Gerasimos. Légalité, justice et femmes dans la République et les Lois de
Platon. Revue Française d'Histoire des Idées Politiques, vol. 16, p. 309-330, abril, 2002.
SAXONHOUSE, Arlene. The Philosopher and the Female in the political thought of Plato. In:
TUANA, Nancy. Feminist interpretations of Plato. 1ª ed. University Park: The
Pennsylvania University Press, 1994.
SIMSON, Rosalind. Feminine Thinking. Social Theory and Practice, Florida State
University Department of Philosophy, vol. 31, nº. 1, p. 01-26, janeiro, 2005.
SMITH, Janet Farrell. Plato, irony and equality. Women’s Studies International Forum,
vol. 6, nº. 6, p. 597-607, julho, 1983.
VLASTOS, Gregory. Was Plato a Feminist? In: VLASTOS, Gregory. Studies in Greek
Philosophy. Socrates, Plato and their tradition. Vol. II. Ed. por Daniel W. Graham. New
Jersey: Princeton University Press, 1995.
WAGNER, Shirley. Women and Moral Theory. Hypatia, Cambridge University Press, vol. 4,
n. 2, p. 186-188, Totowa, New Jersey: Rowman & Littlefield, março, 1987.
WALKER, Margaret Urban. Moral Understandings: Alternative “Epistemology” for a
Feminist Ethics. Hypatia. Indiana: vol. 4, nº. 2, p. 15-28, março, 1989.
WALKER, Margaret Urban. Feminism, Ethics, and the Question of Theory. Hypatia. Indiana:
vol. 7, nº. 3, p. 23-38, março, 1992.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Handerson Reinaldo Araújo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.