MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01DB7AD5.39529DE0" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01DB7AD5.39529DE0 Content-Location: file:///C:/0F032689/Artigo+AD+Figuras+Geometricas_editado(3).htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
Audiodescrição: um recurso para a inclusão de alunos com deficiência visual no acesso às figuras geométricas<= o:p>
Audio description: a resource for includi=
ng
students with visual impairments in accessing geometric figures
Audiodescri= pción: un recurso para incluir a estudiantes con discapacidad visual en el acceso a figuras geométricas
Deise Monic=
a Medina
Silveira¹, Felipe Vieira Monteiro², Alessandra Santana Soares e Barros³,
Henrique Macedo Pereira⁴, Jamile Ferreira de Pinho⁵
Resumo:
A
audiodescrição é um recurso de acessibilidade comunicacional e informaciona=
l,
que converte informações do signo visual para o verbal, atendendo,
prioritariamente, ao público com deficiência visual no processo de construç=
ão
mental das imagens. Desse modo, a partir do tema audiodescrição, este artigo
centra-se em propostas de audiodescrição para figuras geométricas encontrad=
as
nas provas do Processo Seletivo do Instituto Federal da Bahia, do ano de 20=
20.
As audiodescrições das figuras geométricas foram feitas com base na Metodol=
ogia
para Audiodescrição de Imagens Estáticas (MAIE). O objetivo desta pesquisa =
foi
avaliar a eficácia dos parâmetros propostos pela MAIE na compreensão das
imagens por pessoas com deficiência visual e, para isso, contamos com a
avaliação perceptual-descritiva de um consultor com deficiência visual. Os
procedimentos metodológicos percorreram as seguintes etapas: Inicial=
mente
identificou-se a categoria à qual as imagens pertencem, para então definir =
em
que perspectiva e ângulo elas são apresentadas ao observador. Em seguida, f=
oi
descrita a maneira como as informações/elementos das formas geométrica devem
ser apresentadas no roteiro de audiodescrição. Finalmente, apresentou-se uma
proposta de audiodescrição para cada forma geométrica. Evidencia-se que as observações feitas pelo consultor
trouxeram orientações de grande relevância para a construção textual dos
roteiros de audiodescrição, porém, elas não questionaram os princípios da M=
AIE.
Assim, conclui-se que as audiodescrições propostas com base nos
parâmetros da MAIE produziram roteiros objetivos para as audiodescrições das figuras geométricas, respeit=
ando,
por exemplo, a orientação da descrição do geral para o específico e a
importância da localização de cada elemento apresentado.
Palavras-chave: acessibilidade; audiodescrição; deficiência visual.
Resumen: La audiodescripción es un recurso comunicacional e informativo de accesibilidad, que convierte información de signos visuales a verbales, atendiendo principalmente al público con discapacidad visual en la construc= ción mental de imágenes. Por lo tanto, este artículo se centra en las propuestas= de audiodescripción de figuras geométricas encontradas en las pruebas del Proc= eso de Selección del Instituto Federal de Bahía, en el año 2020. Las audiodescripciones de las figuras geométricas se realizaron con base en la Metodología de Audiodescripción de Imágenes Fijas (MAIE). Nuestro objetivo = fue evaluar la efectividad de los parámetros MAIE en la comprensión de imágenes= por parte de personas con discapacidad visual. Para ello, nos basamos en la evaluación perceptivo-descriptiva de un consultor con discapacidad visual. Inicialmente se identificó la categoría a la que pertenecen las imágenes, p= ara luego definir desde qué perspectiva y ángulo se presentan al observador. A continuación, se describió la forma en que se debe presentar la información/elementos de formas geométricas en el guión de audiodescripción. Finalmente, se presentó una propuesta de audiodescripción para cada forma geométrica. Las observaciones realizadas por el consultor aportaron pautas = de gran relevancia para la construcción textual de guiones de audiodescripción, sin embargo, no cuestionaron los principios del MAIE. Por lo tanto, se conc= luye que las audiodescripciones propuestas con base en los parámetros MAIE produjeron guiones objetivos para las audiodescripciones de figuras geométricas, respetando, por ejemplo, la orientación de la descripción de lo general a lo específico y la importancia de la ubicación de cada una. eleme= nto presentado.
Palabras-clabe: accesibilidad; audiodescripción; discapacidad visual.
Abstract: Audio description is a communication = and information accessibility resource that converts information from visual to verbal signs, primarily serving visually impaired audiences in the process = of mentally constructing images. Thus, this article focuses on audio descripti= on proposals for geometric figures found in the 2020 entrance exams of the Fed= eral Institute of Bahia. The audiodescriptions of the geometric figures were bas= ed on the Methodology for Audiodescribing Still Images (MAIE). The aim of this research was to assess the effectiveness of the parameters proposed by MAIE= in the comprehension of images by visually impaired people. To do so, we relie= d on the perceptual-descriptive evaluation of a visually impaired consultant. In= itially, the category to which the images belong was identified, in order to then de= fine the perspective and angle from which they are presented to the viewer. Next, the way in which the information/elements of the geometric shapes should be presented in the audio description script was described. Finally, an audio description proposal was presented for each geometric shape. It is clear th= at the observations made by the consultant provided very important guidelines = for the textual construction of the audio description scripts, but they did not= question the principles of the MAIE. Thus, we conclude that the audio descriptions proposed based on the parameters of the MAIE produced objective scripts for= the audio descriptions of the geometric figures, respecting, for example, the orientation of the description from the general to the specific and the importance of the location of each element presented.
Keywords: accessibility; audio description; vis=
ual
impairment.
I=
ntrodução
As imagens, artefatos culturais presentes em todas as culturas human=
as,
são antigas quanto a própria humanidade e estão cada vez mais presentes nos
diversos meios de disseminação de informação e comunicação de massa. Em mui=
tos
contextos, sua interpretação é a diferença entre compreender ou não a mensa=
gem
veiculada.
De acordo com Dondis (2007, p. 14), “a evolução da linguagem começou=
com
imagens, avançou rumo aos pictogramas, cartuns autoexplicativos e unidades
fonéticas, e chegou finalmente ao alfabeto [...]”. Desse modo, “cada passo
representou, sem dúvida, um avanço rumo a uma comunicação mais eficiente”. A
autora analisa também que “expandir a nossa capacidade de ver significa
expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual” (Dondis, 2007, p.
13).
A linguagem das imagens é formada por elementos plásticos e icônicos=
[1]=
,
como pontos, linhas, cores, formas, texturas e tons, além da dimensão, a
proporção e suas relações compositivas com o significado, que são os elemen=
tos
expressivos “são pistas que fazem com que coloquemos em cena os nossos
sentidos” (Liebel, 2011, p. 165). O uso desses elementos no processo de
composição determina o objetivo e o significado da comunicação visual, o que
implica na mensagem que é recebida pelo espectador.
Além dos elementos plásticos e icônicos, há também os elementos
linguísticos que compõem o cenário da significação, estabelecendo diferentes
tipos de relação com as imagens. Esses elementos se comunicam por linguagens
diferentes, formadas por signos distintos. Ao longo do tempo, dadas as
múltiplas funções e sentidos que uma imagem pode assumir, os seus usos foram
ampliados para além da publicidade e do texto jornalístico, sendo inseridas
também no campo da educação, mais especificamente nos livros didáticos.
Evidenciamos, nesse sentido, que apenas a partir de 1997, devido à
formalização quanto à importância de os livros didáticos apresentarem um
repertório diversificado de gêneros discursivos-textuais, imposta pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais, as imagens começaram a aparecer de forma
mais efetiva nos livros didáticos. Isso ocorreu, em especial, nos livros de
Português, porém, as imagens eram vistas como ilustrações complementares, c=
om
foco em ilustrar ou exemplificar o conteúdo textual, e não como elementos
significativos para a construção do conhecimento. O texto era o principal m=
eio
de transmissão de informação.
Somente =
no ano
de 1999, com a proposta do Ministério da Educação para a inclusão do item
Aspectos Visuais no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), houve o
reconhecimento oficial da importância das imagens nesses materiais. A partir
desse contexto, no transcorrer do tempo, as imagens transpuseram o âmbito do
livro didático e assumiram um espaço importante também nas avaliações e pro=
vas
educacionais. Assim, elas chegaram maciçamente às provas dos processos
seletivos, tonando-se chave para a resolução de questões que se baseiam,
principalmente, no conteúdo imagético.
Nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Processo
Seletivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
(PROSEL-IFBA), as imagens estão presentes de diversas formas. Nessa
perspectiva, a leitura/interpretação de fotografias, gráficos, tabelas, fig=
uras
geométricas, tirinhas cômicas, cartuns, charges, mapas, dentre outras image=
ns,
é essencial para que os candidatos cheguem à resolução de muitas questões. =
Para os candidatos sem deficiência visual, a interpretação dessas
imagens depende da associação feita a partir da observação da imagem com o
conhecimento prévio sobre o assunto. Porém, para os candidatos com deficiên=
cia
visual (cegos, com baixa visão, monoculares e surdocegos), é a audiodescriç=
ão
ou AD, recurso de acessibilidade comunicacional e informacional, que conver=
te
informações do signo visual para o verbal. A AD vai permitir esta “observaç=
ão”
da imagem, para que eles, principais usuários do recurso, possam então faze=
r a
associação com o seu conhecimento prévio acerca daquele assunto.
Os candidatos com deficiência visual, doravante Pessoas com Deficiên=
cia
Visual (PcDVs), contam com o auxíl=
io da
AD.
A oferta desses recursos de acessibilidade atende à Lei no.
13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatut=
o da
Pessoa com Deficiência) (Brasil, 2015). Essa Lei prevê, em seu Capítulo IV,
Artigo 30, que nos processos seletivos para ingresso e permanência nos curs=
os
oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação profissional=
e
tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas medidas como as descri=
tas
nos Incisos III e IV, a saber:
Inciso III - disponibilização de pr=
ovas
em formatos acessíveis para atendimento às necessidades específicas do
candidato com deficiência; e
Inciso IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de
tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo
candidato com deficiência. (Brasil, 2015)
Este artigo é pioneiro na aplicação dos parâmetros propostos pela
Metodologia para Audiodescrição de Imagens Estáticas (MAIE), de autoria de =
uma
das autoras deste artigo, para a criação de roteiros de audiodescrição para
figuras geométricas. Desse modo, o
estudo tem como propósito avaliar a eficácia desses parâmetros na compreens=
ão
do gênero imagético figura geométrica, encontrado nas provas da modalidade
Integrada e Subsequente do PROSEL do IFBA, do ano de 2020, por alunos do
primeiro ano do Ensino Médio, do Instituto de Cegos da Bahia (ICB). A pesqu=
isa
se desenvolveu no âmbito do Edital de Iniciação Científica, nº
02/2020/PRPGI/IFBA, para seleção de bolsistas 2020/2021 - PIBIC-EM – IFBA/C=
NPq
e contou com a participação de um aluno bolsista e uma aluna voluntária, do
Ensino Médio, além de um consultor com deficiência visual para a avaliação
perceptual-descritiva das audiodescrições propostas.
Devido à pandemia pelo coronavírus, que nos colocou em isolamento en=
tre
os anos de 2020 e 2021, a pesquisa de recepção com os alunos do primeiro an=
o do
Ensino Médio, do ICB, prevista em cronograma para os meses de outubro a
dezembro de 2020, não ocorreu, pois, assim como a maioria das instituições =
de
ensino, o ICB esteve sem atividades presenciais no referido período. Desse
modo, não foi possível conhecer a perspectiva deles em relação à perspectiva
metodológica MAIE utilizada.
A MAIE se baseia nos pressupostos da Gramática do Design Visual (GDV=
),
de Kress e van Leeuwen (1996; 2006). Esse material, por sua vez, apresenta
regras e normas formais para uma análise sistemática de estruturas visuais,=
a
partir de seus códigos semióticos, dentro do desenho visual ocidental.
No âmbito da análise de imagens, destacamos que uma das principais
diferenças entre produzir roteiros de audiodescrição para imagens dinâmicas
como filmes, clipes etc., e imagens estáticas, como por exemplo fotografias,
quadrinhos e formas geométricas, está no fator tempo. Enquanto nas primeira=
s a
AD precisa se encaixar nos momentos de silêncio, nas outras não temos limit=
ação
de tempo, mas precisamos ser sucintos, sem esquecer os detalhes. Precisamos=
ser
objetivos, sem abrir mão da nossa subjetividade, e suficientemente claros p=
ara
conduzir à construção da imagem mental, sobretudo pelas pessoas com deficiê=
ncia
visual.
Nessa perspectiva, a importância de produzir roteiros de audiodescri=
ção
de formas geométricas ancorado em uma metodologia própria para a descrição =
de
imagens estáticas, com o suporte de um consultor com deficiência visual, é =
que
aliamos os aspectos técnico e prático à narrativa. Em busca de defendermos =
essa
tese, este artigo estrutura-se do seguinte modo: tem início com a apresenta=
ção
da audiodescrição enquanto modo de tradução intersemiótica, em seguida
apresenta a MAIE com as análises das figuras geométricas em questão, seguid=
a da
metodologia aplicada para a pesquisa. Por fim, apresentamos a adequação da =
MAIE
às figuras geométricas.
Audiodescrição: u=
ma
abordagem pedagógica
A audiodescrição é um recurso de acessibilidade comunicacional que traduz em palavras informações visuais estáticas (ex., obras de arte, ilustrações etc= .) e informações dinâmicas (ex., filmes, clipes etc.). Isso a fim de que conteúdos-chave, transmitidos visualmente, não passem despercebidos e possam ser acessados por pessoas cegas e com baixa visão, congênita ou adventícia, além de atender também pessoas com deficiência intelectual e dislexia (Fran= co et al., 2013). A AD beneficia, igualmente, os idosos, pessoas com autismo, com déficit de atenção e outros.
A AD tem sido cada vez mai= s usada para ampliar a acessibilidade em diferentes meios de disseminação da cultur= a e da informação, como por exemplo, em peças teatrais, espetáculos de dança, partidas de futebol, desfiles de moda, bailes de debutantes, visitas a muse= us, entre outros. Enquanto ferramenta que permite acessibilidade, a AD se classifica como uma tecnologia assistiva, que, de acordo com o Comitê de Aj= udas Técnicas (CAT), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, trata-se de:= p>
[...] uma área do conheci= mento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (Brasil, 2009, p. 30).= p>
Nesse viés, a meta da tecn= ologia assistiva é dar autonomia, independência e qualidade de vida às pessoas com deficiência para sua inclusão social, em todos os âmbitos em que atua (Bras= il, 2009). É justamente visando atender a essas finalidades que o uso da AD no campo educacional tem se ampliado, assim como nos demais espaços socioculturais.
De modo geral, o processo = de audiodescrição tem início com a produção de um roteiro, que é um texto escr= ito para ser verbalizado por voz humana, por voz sintetizada[2] ou ainda para ser lido pelas pessoas com baixa visão e monoculares. As falas criadas no roteiro entram nos momentos de silêncio das peças audiovisuais, = para descrever, por exemplo, cenário, figurino, personagem, mudanças espaços temporais etc. Quando se trata de imagens estáticas, os roteiros devem cont= er também a verbalização de qualquer texto escrito que componha a imagem, por exemplo, falas em balões de histórias em quadrinhos ou charges. Para obras = de arte, é necessário que o roteiro apresente informações sobre a autoria da o= bra, o estilo, a dimensão, a disposição, a cor, a textura etc., ou, de acordo co= m os estudos da multimodalidade. O’Toole (1994) propõe descrições com base nas informações sobre a obra, episódios, figura e membro.
As audiodescrições se apre= sentam nas formas pré-gravada, ao vivo e simultânea. Nas AD pré-gravadas, o roteir= o é criado e posteriormente gravado em estúdio, onde é feita a edição de maneir= a a encaixar a AD nas pausas e momentos de silêncio das peças audiovisuais, sem qualquer alteração ou prejuízo ao áudio original. Nas AD ao vivo, para peça= s de teatro ou espetáculos de dança, por exemplo, o roteiro é preparado previame= nte e lido durante o espetáculo a partir de uma cabine de onde o audiodescritor= tem uma visão geral do palco e transmite o áudio, via microfone, para os fones = de ouvido usados pelo público. Essa forma de AD não pode ser gravada devido às improvisações típicas desse tipo de evento cultural, que, por sua própria natureza, muitas vezes leva o roteirista a inserir ou substituir informações previamente elaboradas.
Por fim, nas AD simultânea= s, é feito um roteiro com as principais informações e durante o evento outros da= dos são inseridos, conforme a necessidade identificada pelo audiodescritor ou p= elos usuários. O audiodescritor descreve o que acontece à medida que os eventos = se dão. Essa categoria de AD é muito comum em eventos ao vivo, como casamentos, festas de debutante, desfiles de moda etc.; em geral, o audiodescritor usa = um microfone e a transmissão é feita para toda a plateia presente.
O processo de tradução, qu= e vai da criação do roteiro até a realização da AD, envolve uma equipe de profission= ais[3] formada pelo audiodescritor roteirista, que pode ser mais de um, responsável pela criação do roteiro; o audiodescritor consultor, que deve ser uma pessoa com deficiência visual[4], com formação na área, a qual é responsável por analisar a adequação do rote= iro ao entendimento da descrição das imagens e que deve participar do processo desde a elaboração do roteiro; e o audiodescritor narrador[5], que é responsável pela gravação em estúdio ou pela leitura do roteiro ao vi= vo.
A Metodologia para
Audiodescrição de Imagens Estáticas (MAIE)
A Metodologia para Audiodescrição de Imagens Estáticas nasceu de =
uma
pesquisa qualitativa, de natureza descritivo-exploratória, que utilizou como
método de coleta de dados a pesquisa de recepção, com um corpus form=
ado
por cartuns e charges. Com base na multimodalidade, a pesquisa forneceu
subsídios para a proposição de parâmetros descritivos de AD, baseados nos
princípios das metafunções da Gramática do Design Visual, de Kress e van
Leeuwen (1996; 2006)[6],
tendo como base a interface da Tradução Audiovisual e da Semiótica Social
Multimodal[7].
Tais parâmetros foram sistematizados na metodologia nomeada Metodologia para Audiodescrição de Imagens Estáticas (MAIE), através da aná= lise da posição dos personagens/elementos nos cartuns e charges, do ângulo de enquadramento, das relações que estabelecem com o observador e das interaçõ= es desses personagens/elementos com seus pares.
Como as imag=
ens
que compõem o corpus desta pesquisa são as formas geométricas, gênero
diferente daqueles que originaram os parâmetros da MAIE, nos deteremos ao f=
ator
ponto de vista/perspectiva, da metafunção interacional, que está relacionad=
o ao
ângulo de enquadramento dos elementos apresentados. Esse critério nos permi=
te
analisar e apresentar informações sobre as relações entre os participantes
apresentados e o observador.
Audiodescrição para formas geométric=
as:
uma proposta com base na MAIE
As formas
geométricas analisadas encontram-se nos Cadernos de Questões do Curso Técnico de Nível Médio Modalidade:
Integrada ou
Subsequente, do PROSEL 2020, Processo Seletivo do Instituto Federal da Ba=
hia.
Elas pertencem à categoria de imagens científicas=
e
técnicas, que, segundo Kress e van Leeuwen (2006, p.144), este tipo de
imagem geralmente codifica uma atitude objetiva, que ocorre de duas maneira=
s:
por um ângulo diretamente frontal ou perpendicular de cima para baixo. Os
autores afirmam que tais ângulos sugerem posições privilegiadas ao espectad=
or,
pois eles “neutralizam as distorções que normalmente vêm com a perspectiva,
pois neutralizam a própria perspectiva”[8].
Os ângulos f=
rontal
e de cima para baixo, exercem suas objetividades de diferentes formas. O ân=
gulo
frontal é orientado para a ação, ele é utilizado para indicar, ‘isto é, como
funciona', 'é assim que você usa', 'é assim que você faz'. Por outro lado, =
o ângulo
de cima para baixo é o ângulo de potência máxima. De acordo com Kress e van
Leeuwen (2006, p. 145), este ângulo “é orientado para o conhecimento 'teóri=
co'
e objetivo. Ele contempla o mundo de um ponto de vista divino, coloca-o aos
seus pés, ao invés de ao alcance de suas mãos”[9].
Porém, é importante ressaltar que nem todos os diagramas, mapas e gráficos =
são
completamente objetivos.
As formas geométricas das Questões 11, 15=
e
24, apresentadas a seguir, estão representadas numa perspectiva objetiva, em
ângulo frontal, que é o ângulo orientado para a ação do observador. Ou seja,
elas revelam tudo o que o produtor da imagem acredita que há para ser mostr=
ado.
Já nas formas geométricas da Questão 23, há figuras representadas em ângulo
frontal e em ângulo “frontal-isométrico”, que é baseado nas dimensões "objetivas"
dos participantes representados,
trata-se do que sabemos que essas dimensões são, ao invés de como elas apar=
ecem
para nós.=
Questão 11 do Caderno de Questões do Curso Técnico de
Nível Médio, Modalidade Integrada:
A
Geometria está presente em diversas culturas, em cada uma delas com =
finalidades
específicas. Na Terra Indígena Xapecó, situada em Ipuaçu (SC), os artesãos =
do
povo Kaingang confeccionam tampas de tuia por meio de tiras entrelaçadas
conforme figuras a seguir:
=
Figura 1. Formas geométricas Questão 11. Fonte: IFBA/MEC
(2020a).
De acordo com a geometria apresentada pelas figur= as I e II, podemos concluir que:
a) Os losangos garantem a não deformidade = das tiras, evitando rompimentos.
b) Através de círculos, a estética é desta= cada neste formato.
= c) As figuras hexagonais permitem um encaixe perfeito, formando uma estrut= ura estável.
d) São formados quadriláteros para permiti= r o máximo preenchimento.
e) A estrutura de trapézios garante que não apareçam lacunas nas bordas.
Para que os usuários da AD po=
ssam
se apropriar da geometria apresentada e assim ter meios de responder à ques=
tão
proposta pela prova, após a identificação das formas, da maneira como as
figuras estão distribuídas e da escala de cores, a descrição deve ocorrer do
todo para as partes, ou seja, do total de tiras em cada figura, seguida da
posição das tiras. Depois, a audiodescrição deve trazer a maneira como essas
tiras estão distribuídas uma em relação à outra e finalmente, a figura
geométrica que seus entrelaçamentos produzem.
Assim, apresentamos a seguir,=
a
proposta de audiodescrição:
Audiodescrição: Duas figuras geométricas, l=
ado a
lado, em tons de cinza.
Figura
1 – Estrutura
composta pelo entrelaçamento de 6 tiras. Duas horizontais e quatro diagonai=
s,
sendo duas para a esquerda e duas para a direita. Todas elas são posicionad=
as
paralelamente uma à outra. No centro do entrelaçamento, as seis tiras forma=
m um
polígono de seis lados, vazado.
Figura
2 - Estrutura
composta pelo entrelaçamento de 14 tiras. Quatro horizontais, cinco diagona=
is
para a direita e cinco para a esquerda. Todas elas são posicionadas
paralelamente uma à outra. No entrelaçamento das tiras horizontais com as
diagonais, formam-se polígono de seis lados, vazados. Três na linha superio=
r, 4
na linha central e 3 na linha inferior. Fim da audiodescrição.
Quest=
ão 15
do Caderno de Questões do Curso Técnico de Nível Médio, Modalidade Integrad=
a:
Na figura abaixo BM =3D BC/2, BR =3D BC/4 e MN=
é
paralelo a RS e AB. Nestas condições, a porcentagem da área do trapézio RMNS
correspondente à área do triângulo ABC é de:
Figura 2. Formas geométricas Questão 15. Fonte: IFBA/MEC
(2020a).
a) 25%
b) 31,25%
c) 35%
d) 37,75%
e) 39%
Para que os usuários da AD po=
ssam
se apropriar da geometria apresentada e assim ter meios de responder à ques=
tão
proposta pela prova, a descrição deve ocorrer do todo para as partes, ou se=
ja,
após a identificação da figura geométrica e do vértice no qual ela se forma,
deve-se dar a informação das letras que compõem todos os vértices do triâng=
ulo.
Na sequência, a audiodescrição deve atribuir o vértice que cada letra
representa, bem como o ângulo que esses vértices formam. Em seguida, as let=
ras
que formam a figura interna do triângulo devem ser localizadas e a figura q=
ue
eles produzem também deve ser identificada, para melhor orientar os usuário=
s da
AD.
Assim, apresentamos, a seguir=
, a
proposta de audiodescrição:
Audiodescrição: Triângulo retângulo no vérti=
ce A,
formado pelas letras A, B e C.
“A”
representa o vértice superior. “B”
representa o vértice inferior esquerdo e “C” representa o vértice direito. =
Os
lados BA e AC formam, entre si, um ângulo de 90 graus. Sobre o lado BC estão
situados os pontos R e M, não coincidentes. Sobre o lado AC estão situados =
os
pontos S e N, não coincidentes. Dentro do triângulo, dois segmentos de retas
(RS e MN), formados pelos pontos que estavam nas retas BC e AC. Os segmento=
s de
reta RS e MN são paralelos ao lado BA, formando um trapézio. Fim da
audiodescrição.
Quest=
ão 24
do Caderno de Questões do Curso Técnico de Nível Médio, Modalidade Subseque=
nte:
Um engenheiro, para construir uma ponte, preci=
sa
medir a largura de um rio em um trecho de margens paralelas. Para isso, fix=
ou
um ponto A na margem do rio em que estava, e um ponto B na margem oposta, t=
al
que BA fosse perpendicular às margens.
A partir do ponto A, caminhou 40 m, paralelame=
nte
à margem, até um ponto C, e mediu o ângulo ACB, obtendo 52⁰.
Figura 3. Formas geométricas Questão 24. Fonte: IFBA/MEC
(2020b).
Use, se necessário, as se= guintes aproximações: sen 52⁰ =3D 0,8, cos 52⁰ =3D 0,6 e tg 52⁰ = =3D 1,3.
O valor encontrado pelo engenheiro para a largura= do rio foi, aproximadamente:
a) 48 m.
b) 50 m.
c) 52 m.
d) 54 m.
e) 56 m.
Para que os usuários da AD po=
ssam
se apropriar da geometria apresentada e assim ter meios de responder à ques=
tão
proposta pela prova, por se tratar de uma imagem na qual a forma geométrica
está representada sobre uma imagem de fundo, a audiodescrição deve, após
identificar o gênero e a escala de cores, proceder com a descrição da image=
m de
fundo. Para tal, deve-se iniciar com a localização de cada elemento que com=
põe
esta imagem, a saber: o rio, as margens e os arbustos.=
Após a descrição da imagem de
fundo, deve-se proceder com a descrição da forma geométrica, iniciando pela=
sua
localização em relação à imagem de fundo. Após localizá-la e identificá-la,
deve-se localizar o seu ângulo reto. Na sequência, a audiodescrição deve
atribuir cada vértice do triângulo à letra correspondente. Em seguida, a se=
ta
que informa o tamanho do lado do triângulo deve ser localizada e descrita. =
Por
último, a silhueta da pessoa que aparece na imagem, assim como todos os out=
ros
elementos, deve ser localizada e o ângulo que ela representa, descrito.
Assim, apresentamos a seguir,=
a
proposta de audiodescrição:
Audiodescrição: Desenho quadrado em tons de =
cinza
de um rio. Ao centro, ondas representadas por pequenas linhas brancas, cerc=
ado
pelas margens superior e inferior. Nessas bordas, pequenos arbustos
distribuídos lado a lado. No centro do rio, um triângulo ACB, com um lado r=
eto,
na vertical, à direita. O ponto “A” representa o vértice inferior do triâng=
ulo,
que tem ângulo reto. O ponto “C” representa o vértice inferior, à esquerda,=
do
vértice A. O ponto “B” é o vértice superior, que está na margem oposta do r=
io.
Uma seta horizontal, com duas pontas nas extremidades entre os pontos A e C,
mede 40 metros. A silhueta de uma pessoa está no vértice C, ao lado da marc=
ação
do ângulo ACB que é de 52 graus. Fim da audiodescrição.
Questão 23, do Caderno de Questões do Curso Técnico de
Nível Médio, Modalidade Subsequente
Para
uma análise apropriada da figura geométrica apresentada a seguir, seguiremos
observando o fator ponto de
vista/perspectiva, da metafunção interacional da GDV, pois ela nos perm=
ite
analisar e apresentar informações sobre as relações entre os participantes
representados e o observador. Porém, essa figura apresenta-se tanto em
perspectiva objetiva, em ângulo frontal, como as apresentadas anteriormente,
quanto em perspectiva "frontal-isométrica", que se baseia nas
dimensões "objetivas" dos participantes representados e propõe a
analogia em termos visuais da característica de "impessoalidade" =
da
linguagem científica, como apresentado a seguir:
Uma folha retangular de papel reciclado tem 16=
cm
de comprimento e 8 cm de largura, e será utilizado para formar uma pequena
caixa aberta, sem tampa.
Foram recortados quatro pequenos quadrados de =
2 cm
nos cantos de cada lado dessa folha, conforme mostra a figura abaixo. Em
seguida, dobra-se essa folha, obtendo um paralelepípedo reto-retângulo, sem
tampa.
Figura 4. Formas geométricas Questão 23. Fonte: IFBA/MEC (2020b)
A caixa formada tem um volume de
a) 80 cm³
b) 96 cm³
c) 108 cm³
d) 120 cm³
e) 128 cm³
A primeira imagem desta figur=
a,
identificada na audiodescrição como Figura 1, é apresentada numa perspectiva
objetiva, em ângulo frontal, que é o ângulo orientado para a ação do
observador. Ou seja, ela revela tudo o que o produtor da imagem acredita qu=
e há
para ser mostrado.
Já a segunda e a terceira = imagens, identificadas na audiodescrição como Figuras 2 e 3, são apresentadas em perspectiva "frontal-isométrica", pois a frente da caixa não está distorcida e podemos ver os lados e o fundo. Além disso, os paralelos horiz= ontais não convergem para um ponto de fuga. De acordo com Kress e van Leeuwen (200= 6, p. 147)):
A perspectiva frontal-isométric= a é baseada nas dimensões "objetivas" dos participantes representados= , no que sabemos o que são essas dimensões e não como elas aparecem para nós. Por esta razão, a perspectiva isométrica frontal é utilizada em desenhos técnic= os, nos quais é importante poder medir as dimensões dos objetos representados a partir do desenho. Então, na perspectiva isométrica frontal, não há escolha entre envolvimento e desprendimento. É a analogia em termos visuais da "impessoalidade" característica da linguagem científica.[10]
Para que os usuários da AD po=
ssam
se apropriar das figuras apresentadas e assim ter meios de responder à ques=
tão
proposta pela prova, a descrição deve ocorrer do todo para as partes, ou se=
ja,
após a identificação do gênero imagético, da forma como estão distribuídas =
as
figuras e da escala de cores, a audiodescrição deve passar às informações de
cada figura separadamente.
A audiodescrição de cada figu=
ra
deve iniciar com a forma como ela é vista, já que elas estão em ângulos
diferentes. No caso da Figura 1, na sequência, a AD deve localizar e aprese=
ntar
as setas que informam o tamanho dos lados da folha de papel. Em seguida, a =
seta
que aponta para a figura seguinte deve também ser descrita, para que os
usuários da AD tenham a mesma sequência lógica dos videntes.
Assim, apresentamos a seguir,=
a
proposta de audiodescrição:
Audiodescrição: Desenho formado por três fig=
uras,
uma acima da outra, em tons de cinza.
Figura
1: Folha de =
papel
horizontal, com os quatro cantos recortados. Uma seta horizontal, com pontas
nas extremidades, acima da folha de papel, de uma extremidade a outra, mede=
16
cm. Uma seta vertical, com pontas nas extremidades, à esquerda, do topo à b=
ase,
mede 8 cm. Entre essa figura e a próxima, uma seta vertical para baixo.
Figura
2: A folha é=
vista
de cima, levemente inclinada para frente, representando uma caixa retangular
com as abas abertas. Entre essa figura e a próxima, outra seta vertical para
baixo.
Figura
3: A caixa é=
vista
em 3D, na horizontal, com as quatro faces laterais juntas pelas suas aresta=
s. Fim
da audiodescrição.
A pesquisa desenvolvida é do =
tipo
qualitativa, de natureza descritiva e tem como base a interface da Tradução
Audiovisual e da Semiótica Social Multimodal. A dimensão descritiva se
concentrou na construção da proposta de audiodescrição das figuras geométri=
cas,
a partir dos princípios da metafunção interacional da GDV, de Kress e van
Leeuwen (1996; 2006).
A pesquisa contou com a
participação de um consultor com deficiência visual, entre 35 e 45 anos, com
apenas 10% de visão, doutorando em educação pela Universidade do Estado do =
Rio
de Janeiro-RJ, Mestre em Educação pela UERJ, pós-graduado em Tradução Audio=
visual
Acessível: Audiodescrição, pela UECE (Universidade Estadual do Ceará); em
Acessibilidade Cultural pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) =
e em
Audiodescrição na Escola, pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).=
Ele
tem experiência com consultoria em audiodescrição para roteiros de cinema
(longas, média e curta metragem), teatro, congressos, exposições de artes
visuais, espetáculo de dança, concertos, óperas e museus.
Além do consultor, participar=
am
desta pesquisa dois estagiários do terceiro ano do Ensino Médio, do curso
Técnico em Edificações, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnolo=
gia
da Bahia, campus Salvador. Um d=
eles
como bolsista, outro como voluntário.
As imagens apresentadas neste
artigo encontram-se nos Cadernos de Questões do Curso Técnico de Nível Médio
Modalidade: Integrada e Subsequente do PROSEL 2020, do Instituto
Federal da Bahia. Todas
elas são fonte de informação essencial para a resolução das questões da pro=
va.
O fato de o consultor (PcDV) =
ter um
grau de escolaridade superior aos alunos a quem se dirige a prova do proces=
so
seletivo do qual as imagens foram retiradas não representa um problema para=
os
resultados desta investigação, pois o objetivo foi validar se as
audiodescrições propostas dariam subsídios para a construção da imagem ment=
al
pelo participante. Logo, o consultor da pesquisa não entrou no mérito do qu=
e é
relativo às questões da prova, mas apenas à descrição da imagem.
Os roteiros de AD foram enviados para o consultor logo após a adequação das audiodescrições previamente propostas para às imagens = do PROSEL 2020, aos parâmetros da MAIE. Ao seu retorno, as observações foram discutidas e analisadas com os estagiários e implementadas aos roteiros.
<= o:p>
A=
dequação
da MAIE às Figuras Geométricas
Conforme apresentado anteriormente, os parâmetros da M= AIE foram desenvolvidos a partir de um corpus formado por cartuns e char= ges. Assim, para a elaboração dos roteiros para a audiodescrição de formas geométricas, nos baseamos nos princípios da MAIE e em alguns dos seus parâmetros, mas procedemos com ajustes necessários para essas imagens.
No que diz respeito aos princípios da MAIE, seguimos a orientação de que a audiodescrição deve partir do todo para as partes, com o objetivo de contextualizar a imagem antes de descrever suas especificidades. Outro princípio de extrema relevância para a audiodescrição é a localização= dos elementos que compõem a imagem, pois a noção espacial é muito importante pa= ra que as pessoas com deficiência visual possam construir a imagem mental.
Os roteiros produzidos pelos discentes juntamente com a
coordenadora do projeto foram enviados ao consultor com deficiência visual,=
que
retornou com observações sobre questões linguísticas, como a não necessidade do verbo haver<=
b>,
pois tudo o que está sendo descrito consta na imagem; a sugestão de
substituição de palavras para evitar repetição de vocabulário na mes=
ma
oração; a retirada de palavras e expressões redundantes; o cuidado com o uso
das preposições, entre outras observações específicas da construção textual=
.
Além das observações sobre questões linguísticas, o
consultor chamou a atenção para a importância de apresentar apenas o que consta na
imagem, sem explicar. As observações feitas pelo consultor nos trazem
orientações de grande relevância para a construção textual dos roteiros de
audiodescrição, porém elas não questionam os princípios da Metodologia para
Audiodescrição de Imagens Estáticas.
A presença d=
os
diversos gêneros imagéticos nas provas dos processos seletivos é um fato, a=
ssim
como é um fato a relevância da compreensão e apreensão desses gêneros textu=
ais
para que os alunos logrem êxito nas questões. Logo, propostas que visem
aprimorar o acesso dos candidatos com deficiência visual ao conteúdo dessas
imagens podem trazer contribuições valiosas para esse público, no que diz
respeito à sua autonomia e independência.
Levando aind=
a em
consideração os direitos das pessoas com deficiência visual ao acesso à
informação, e o fato de que há uma lacuna nas pesquisas ligadas à Tradução
Audiovisual no que diz respeito à audiodescrição de imagens estáticas, decidimos avaliar a eficácia dos parâmetros
propostos pela MAIE, na compreensão das imagens das provas da modalidade
Integrada e Subsequente do Processo Seletivo do IFBA, do ano de 2020.
Nossa proposta inicial era submeter as audiodescrições analisadas pelo consultor = com deficiência visual, para alunos do primeiro ano do Ensino Médio, do Institu= to de Cegos da Bahia, para que eles respondessem às questões da prova. Porém, = devido à pandemia pelo coronavírus, não foi possível realizar a pesquisa de recepç= ão, pois assim como a maioria das instituições de ensino, o ICB esteve sem atividades presenciais neste período.
Assim, nossa pesquisa teve= início com a avaliação e adequação das audiodescrições previamente propostas para = as imagens do PROSEL 2020 aos parâmetros da MAIE. Em seguida, os roteiros de AD foram encaminhados para o consultor com deficiência visual, que propôs sugestões importantes para uma melhor adequação de tais roteiros para a formação das imagens mentais. As sugestões foram analisadas e discutidas co= m os estagiários e, em seguida, implementadas e apresentadas neste artigo como Propostas de Audiodescrição.
Mesmo não tendo
ocorrido a pesquisa de recepção com as PcDVs do Instituto de Cegos da Bahia=
, os
roteiros de audiodescrição foram submetidos a um consultor com deficiência
visual que fez uma análise perceptual-descritiva das AD e nos retornou com
observações importantes, porém pontuais. Assim,
atestamos a eficácia dos parâmetros apresentados anteriormente, propostos p=
ela
MAIE, na compreensão das figuras geométricas das provas das modalidades
Integrada e Subsequente do Processo Seletivo do IFBA, do ano de 2020.
Novos parâmetro=
s,
baseados nas AD propostas neste artigo devem ser incorporados aos parâmetros
citados acima para inaugurar uma nova seção da MAIE, específica para figuras
geométricas. Em pesquisas futuras, tais parâmetros devem ser submetidos ao
público-alvo para novas avaliações.
Referências
Brasil. (2015). Lei no. 13.146, de 06 de jul= ho de 2015. Institui a Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiênci= a. Diário Oficial da União, 06 jul. 2015, Brasília, DF: Presidência da República. Acessado em 1 mar. 2017 pela URL: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.h= tm.
Brasi= l, Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. = Comitê de Ajudas Técnicas. (2009= ). Tecnologia Assistiva.Brasília: Corde.Dondis, D. A. (2007). Sintaxe da linguagem visual. Trad.Jefferson Luiz Camargo. (3.ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes.
Franc= o, E. P. C., Silveira, D. M. M., Carneiro, B. C. S., & Urpia, A. (2013). Audiodescrição para além da vis= ão: um estudo piloto com alunos da APAE. In Araújo, V. L. S., & Aderaldo, M. F. (Org.). Os novos rumos da pesquisa em audiodescrição no Brasil. (<= span lang=3DEN-US style=3D'mso-ansi-language:EN-US'>p. 201-211). <= span lang=3DEN-US style=3D'mso-ansi-language:EN-US'>Curitiba: CRV..
Halliday, M. A. K. (1994). <=
i>An introduction to functional grammar=
span>.
(2.ed). London: Edward Arnold.
Jewitt, C., & Oyama, R. =
(2001).
Visual meaning: a social semiotic approach. In Van Leeuwen, T., & Jewitt, C. (Ed.). Handbook of visual analysis.=
(p.
134-156). London: Sage.
Kress, G., & van Leeuwen, T. (2006) Reading images: the Grammar = of visual design. London, New York: Routledge.
Kress, G., & van Leeuwen, T. (1996) Reading images: the Grammar = of visual design. London, New York: Routledge.
Liebe= l, V. (2011). Reconstruindo imagens - o método documentário de análise. In Ana= is do 15 Congresso Brasileiro de Sociologia. Curitiba, Brasil. . Acessado em 10 set. 2024 pel= a URL:Disponível em: https://porta= l.sbsociologia.com.br/portal/index.php?option=3Dcom_docman&task=3Ddoc_d= ownload&gid=3D2143&Itemid=3D171
Novel=
lino, M.
O. (2007) Fotografias em livro
didático de inglês como língua estrangeira: análise de suas funç=
ões
e significados (Dissertação de Mestrado). Departamento de Letras, Programa =
de
Pós-Graduação em Letras, Universidade Pontíficia Católica do Rio de Janeiro=
–
PUC/RJ. Acessado em 22=
mar.
2017 pela URL:https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/Busca_etds.php?strS=
ecao=3Dresultado&nrSeq=3D10597@1.
O‘Toole, M. (1994). The language of displayed Art. Rutherford: Fairleigh Dickinson
University Press.
Ifba. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Ministério da Educação. (2020a). PROSEL 2020 – Processo Seletivo. Caderno de Questões. Cursos técnicos de nível médio. Modalidade: Integrada. Salvador – BA, IFBA, 2020b. Acessado em 10 set. 2024 pe= lo URL: https://portal.ifba.edu.br/processoseletivo2020/= publicacoes_pdf/INTEGRADA2020_MARCASESANGRIA.pdf.
Ifba. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Ministério da Educação. (2020b). PROSEL 2020 – Processo Seletivo. Caderno de Questões. Cursos técnicos de nível médio. Modalidade: Subsequente. Salvador – BA, IFBA, 2020b. Acessado em 10 set. 2024 pe= lo URL: https://portal.ifba.edu.br/processoseletivo2020/publicacoes_pdf/SUBSEQ= UENTE2020_MARCASESANGRIA.pdf.
Silve= ira, D. M. D. (2019). Audiodescrição de Charges e Cartuns no Livro Didático Digi= tal: uma proposta de parâmetros à luz da Gramática do Design Visual (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019.
[1] Os elementos plásticos são os componentes forma=
is de
uma imagem, ou seja, os elementos visuais que estruturam a imagem e criam
efeitos estéticos, moldando a maneira como o espectador interage com ela de
forma sensorial. Por sua vez, os elementos icônicos são aqueles que fazem u=
ma
referência direta ao mundo real ou à imaginação, representando objetos,
pessoas, lugares ou eventos reconhecíveis. Eles são "icônicos" po=
rque
remetem a algo que o espectador pode identificar, seja no mundo físico, sej=
a em
um contexto cultural.
[3]=
A profissão de audiodescrito=
r,
cujo código é 2614-30, foi reconhecida em 2013, passando, desde então, a
integrar a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
[4]=
A deficiência visual pode ser
total ou parcial. A deficiência visual parcial é chamada de baixa visão, pois as pessoas possu=
em
algum resíduo visual, central ou periférico, com o qual conseguem desenvolv=
er
algumas atividades.
[5]=
A opção pelo termo “narrador=
” ao
invés de “locutor” deve-se à importância de diferenciar esses dois
profissionais, já que em experiências anteriores, nas quais locutores
profissionais foram contratados para gravar roteiros de AD em estúdio e usa=
ram
artifícios como impostação de voz e vozes artificiais, os resultados foram
pouco positivos.
[6]=
As metafunções da Gramática =
do
Design Visual têm origem na teoria da Semiótica Social, desenvolvida por
estudiosos como Gunther Kress e Theo van Leeuwen, e se baseiam nas proposiç=
ões
da Gramática Sistêmico-Funcional de Michael Halliday. Elas representam os
diferentes papéis que os elementos visuais desempenham na construção de
significados nas imagens. As metafunções nos ajudam a entender como as imag=
ens
comunicam e como os significados são organizados visualmente.
[7] A Tradução Audiovisual (TAV) se ocupa da traduç=
ão de
conteúdos audiovisuais, como filmes, séries, documentários etc. para outros
idiomas e culturas. A Semiótica Social investiga como os significados são
produzidos e interpretados em contextos sociais. E a abordagem multimodal
reconhece que o significado não é transmitido apenas pela linguagem verbal,=
mas
também por outros modos semióticos como a imagem, o som, os gestos etc. Log=
o, a
interface entre Tradução Audiovisual e Semiótica Social Multimodal é um pon=
to
de encontro entre práticas de tradução e análise de significados multimodai=
s.
Enquanto a TAV lida com a adaptação de conteúdos que combinam modos visuais,
sonoros e verbais, a Semiótica Social Multimodal oferece ferramentas para
entender como esses modos se combinam para criar sentido em diferentes
contextos culturais e comunicativos.
[8]=
Scientific and technical pictures, such as diagrams, maps and charts, usual=
ly
encode an objective attitude. This tends to be done in one of two ways: by a
directly frontal or perpendicular top–down angle. Such angles do suggest vi=
ewer
positions, but special and privileged ones, which neutralize the distortions
that usually come with perspective, because they neutralize perspective its=
elf.
[9] It is orie=
ntated
towards ‘theoretical’, objective knowledge. It contemplates the world from a
god-like point of view, puts it at your feet, rather than within reach of y=
our
hands.
[10] Frontal-is=
ometric
perspective is based on the ‘objective’ dimensions of the represented
participants, on what we know these dimensions to be, rather than on how th=
ey
appear to us. For this reason frontal-isometric perspective is used in
technical drawings, where it is important to be able to measure the dimensi=
ons
of the represented objects from the drawing. In frontal-isometric perspecti=
ve,
then, there is not, as yet, a choice between involvement and detachment. It=
is
the analogy in visual terms of the ‘impersonality’ characteristic of scient=
ific
language.
Revista Inclusão & Socieda=
de
20