Inclusão e neurociência: algumas
considerações no sistema de ensino em São Francisco do Guaporé – RO
Inclusión y Neurociencia:
Algunas Consideraciones en el Sistema Educativo en São Francisco do Guaporé –
RO
Inclusion and Neuroscience:
Some Considerations in the Education System in São Francisco do Guaporé – RO
Verenice Mioranza de Medeiros[1]
Resumo:
O presente artigo objetiva discutir como a inclusão de pessoas neurodivergentes
na rede regular de ensino pode contribuir com o desenvolvimento da educação e
seus processos de ensino. Resultado de um trabalho de aplicação da metodologia
‘observação de sala de aula’ nas escolas do ensino fundamental I, no município
de São Francisco do Guaporé –RO, com base em leituras que abordam a
neurociência vinculada a educação, principalmente as obras do neurocientista
Roberto Lent, enquanto elemento de possível melhoria dos processos de ensino
aprendizagem, a partir do entendimento de como o cérebro aprende. A observação
de sala de aula contribui para a análise contextual dos fatores diários que
condicionam a aplicação e desenvolvimento das metodologias de ensino.
Observa-se mediante este estudo que a relação entre alguns aspectos da teoria
da neurociência e aprendizagem, podem contribuir significativamente com o
avanço do desenvolvimento escolar para estudantes com neurodivergência.
Palavras-chave: Inclusão;
Neurociência; Aprendizagem.
Resumen:
El presente artículo tiene como objetivo
discutir cómo la inclusión emergente de personas neurodivergentes en la red
regular de enseñanza puede contribuir al desarrollo de la educación y sus
procesos de enseñanza. Este estudio resulta de la aplicación de la metodología
de observación de aula en escuelas de educación primaria en el municipio de São
Francisco do Guaporé – RO, fundamentado en lecturas sobre neurociencia aplicada
a la educación, especialmente las obras del neurocientífico Roberto Lent, como
un posible elemento de mejora en los procesos de enseñanza-aprendizaje, a
partir de la comprensión de cómo aprende el cerebro. La observación de aula
contribuye al análisis contextual de los factores diarios que condicionan la
aplicación y desarrollo de las metodologías de enseñanza. De esta manera, la
relación entre algunos aspectos de la teoría de la neurociencia y el
aprendizaje puede contribuir significativamente al avance del desarrollo
escolar de los estudiantes neurodivergentes.
Palabras clave:
Inclusión; Neurociencia;
Aprendizaje.
Abstract:
This article aims to
discuss how the emerging inclusion of neurodivergent individuals in the regular
education system can contribute to the development of education and its
teaching processes. This study is the result of applying the classroom
observation methodology in elementary schools in the municipality of São
Francisco do Guaporé – RO, based on readings addressing neuroscience linked to
education, particularly the works of neuroscientist Roberto Lent, as a
potential element for improving teaching-learning processes through an
understanding of how the brain learns. Classroom observation contributes to the
contextual analysis of daily factors that influence the application and
development of teaching methodologies. In this way, the relationship between
certain aspects of neuroscience theory and learning can significantly advance
school development for neurodivergent students.
Keywords: Inclusion; Neuroscience; Learning.
Introdução
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB/1996 -, Lei no. 9.394 (Brasil, 1996), assegura
inclusão da pessoa com deficiência, preferencialmente, na rede regular de
ensino. A LDB/1996 também estabelece
transversalidade em todos os níveis e modalidades de ensino. Contudo,
ainda se observa que a maioria dos estudantes não alcançam os níveis mais
elevados de ensino, apesar desse panorama ter se modificado na última década.
Em um
estudo publicado por Souza, Pagaime e Rosa (2018, p. 14) constatou-se que o
Censo Demográfico do IBGE de 2010 “indicou
um percentual populacional com algum tipo de deficiência em torno de 24%”, porém, “com exceção ao EF que
chega a ter 2% do total de matrículas desse alunado em classes comuns, nas
demais etapas, esse público não atinge 1% do total dos alunos matriculados”
(Souza, Pagaime & Rosa, 2018, p.14).
Essa disparidade nos
números entre o público da educação especial e o percentual matriculado
demonstra a dificuldade em assegurar o direito ao acesso e permanência na
escola desse alunado. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,
Lei nº 13.146 (Brasil, 2015), estabelece em seu art. 8 que é, prioritariamente,
dever do Estado assegurar as condições, dentre outras, de inclusão social e
profissionalização. Vigostky (2011, p. 869), em seus escritos sobre “Defeito e
Compensação”, ilustra que: “O desenvolvimento cultural é a principal esfera em
que é possível compensar a deficiência” (Vigotski, 2011, p. 869). Assim, o
sentimento de inferioridade que surge no indivíduo pela consciência de seu
defeito é refletido pela valorização de sua posição social. O sentimento de
valorização social se converte na principal força motriz do desenvolvimento
psíquico: a supercompensação, “. . . ao desenvolver os fenômenos psíquicos do
pressentimento e da previsão, assim como seus fatores que atuam à maneira de
memória, intuição, atenção, sensibilidade, interesse, em resumo, todos os
momentos psíquicos em grau intensificado” (Vygotsky, 1997, p. 28), conduz à
formação e à consciência de super saúde no organismo doente, a transformação do
defeito em talento, capacidade e inteligência.
Em alguns
momentos, legalmente, observa-se alguns encaminhamentos políticos à aprovação
de leis que ferem a garantia de um sistema educacional inclusivo e a
obrigatoriedade de medidas voltadas a assegurar a educandos com deficiência o
apoio necessário à fruição do direito à educação em igualdade de condições,
dentro do sistema regular de ensino (Lopes; Reicher, 2020, p. 358), conforme o
Decreto nº. 10.502 (Brasil, 2020)[2],
que em seu art. 2º, inc. VI, define as escolas especializadas como local para
as pessoas que “. . . não se beneficiam, em seu desenvolvimento, quando
incluídos em escolas regulares inclusivas”. Essa abordagem limita o
desenvolvimento da educação regular inclusiva para pessoas público da educação especial.
Se o intuito é ampliar o entendimento e a emancipação
social e do mundo do trabalho dos educandos, deixando de lado estereótipos
segregatórios que em nada contribuem para o desenvolvimento humano das pessoas
com deficiência, então, deve-se entender que “. . . não é a pessoa que deve se
ajustar ao meio social, mas é a sociedade que deve garantir os suportes para
que todos possam usufruir da vida em comunidade” (Carvalho; Rocha; Silva, 2006,
p. 18), sendo, portanto, dever do Estado e da escola ministrar o conhecimento
de modo a garantir esse entendimento por parte do aluno.
Pensar
a realidade da educação inclusiva nas escolas de ensino regular brasileira, nos
remete a uma análise possivelmente mais justa desta realidade do que a mostrada
pela mídia. Para Bordieu (2015, p. 40): “A experiência mostra que os objetos
que a representação dominante trata como inferiores ou menores atraem
frequentemente aqueles que estão menos preparados para tratá-los”. Sendo assim, a escola enfrenta diariamente
inúmeros desafios que nem sempre são considerados na publicação dos resultados
da educação brasileira.
Desse
modo, “. . . é
fundamental que as escolas, os sistemas educacionais em diálogo com as esferas
federais, municipais e estatais adotem medidas inclusivas”, valorizando a
produção de ambientes educacionais acolhedores, que favoreçam o desenvolvimento
integral de todos os estudantes, independentemente de suas características
neurobiológicas (Alves; Soares, 2024, p.
2).
Essa necessidade de
melhorar as condições de ensino a todos os estudantes impulsiona a educação
especial a iniciar um processo evolutivo que pode alterar potencialmente a
forma como se ensina nas escolas regulares. Segundo Alves e Soares (2024, p.
6): “As políticas que visam legitimar a inclusão
de pessoas com diferentes condições . . . tendem a fortalecer ainda mais o
movimento da neurodiversidade”, pois “. . . enfatiza e valoriza a diversidade
biológica.” Outrossim, essas “. . . leis reforçam e de certo modo incentivam a
necessidade de adaptação das escolas em todos os seus aspectos”, sejam eles
estruturais ou pedagógicos.
A partir desse movimento inclusivo de pessoas
neurodivergentes[3], os
processos educacionais necessitam ainda mais de análise e se passa a perguntar,
ainda que hipoteticamente e/ou experimentalmente, como o aluno aprende? O que
funciona para este ou aquele educando aprender e absorver os conteúdos? Como
melhorar o desempenho acadêmico dos estudantes? Roberto Lent (2016) aborda o
tema trazendo à tona ferramentas educacionais desenvolvidas para melhorar o
desempenho de alunos com alguma neurodivergência, contudo a mesma ferramenta
melhorou também o desempenho dos alunos típicos
Em Israel, por exemplo, foi patenteado um
programa de computador que é um acelerador de leitura, criado inicialmente para
auxiliar disléxicos. O programa conseguiu que esses alunos lessem com a mesma
facilidade dos alunos que não têm esse problema. Estes, por sua vez, também
melhoraram a leitura, superando os disléxicos novamente (LENT, 2016, p. 10/11).
Então, o
que exemplos como este têm revelado é que na busca por melhorar o desempenho
dos alunos que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem, seja ela causada
por uma deficiência ou não, a educação avança de um modo geral, ao passo que se
amplia cada vez mais as possibilidades de ensino e aprendizagem nas escolas.
Metodologia
da pesquisa
Partindo
da necessidade de entender quais as maiores fragilidades que os professores
enfrentavam na rotina da escola em relação à educação em uma perspectiva
inclusiva, iniciou-se um trabalho de campo realizado no município de São
Francisco do Guaporé-RO, enquanto professora municipal da educação especial e
visando construir juntamente com a categoria docente um plano de trabalho e
formação continuada que atendesse as demandas de base.
Para
Spink (2008, p. 36), quando realizamos trabalho
de campo, “. . . nós não estamos ‘indo’ ao campo. Já estamos no campo, porque
já estamos no tema”. Dessa forma, o que desejamos “. . . é nos localizar
psicossocialmente e territorialmente mais perto das partes e lugares mais densos
onde as práticas discursivas se confrontem e, ao se confrontar, se tornam mais
reconhecíveis” (Spink, 2008, p. 36).
Para registro das informações, utilizou-se a metodologia
observação de sala de aula, respeitando as etapas dessa metodologia. Segundo
Reis (2011), a observação de sala de aula inicia com reunião preparatória,
observação de sala de aula e feedback
formativo com o professor. Esses momentos representam uma pesquisa de campo
para o planejamento da formação continuada a ser implementada.
A pesquisa, enquanto ferramenta de construção de conhecimento
científico sistematizado perpassa inicialmente um campo exploratório, “. . . que consiste em uma caracterização do
problema, do objeto, dos pressupostos, das teorias e do percurso metodológico”
(Piana, 2009, p. 168), um tatear do ambiente a que se propõe a observar,
estudar, debater para entender as possibilidades/necessidades de intervenção,
neste caso, na educação especial e inclusiva.
Neurociência
e ensino: algumas considerações
A observação
realizada no campo da educação é uma ação cotidiana nos meios escolares,
contudo observar e ouvir visando estabelecer uma ponte entre a situação
problema observada e uma ação objetiva visando melhorar o desempenho das ações
inclusivas, ainda é um processo pouco explorado.
Se remeter tal
análise ao contexto de sala de aula e suas diversidades, pode-se observar que
pouca clareza se tem a respeito do método que será implementado para
“ensinagem” de determinado conteúdo e se de fato haverá a esperada
aprendizagem. O termo “ensinagem” foi inicialmente usado por Anastasiou (1998),
em sua tese de doutorado para definir uma situação de ensino em que
obrigatoriamente ocorra aprendizagem.
Hohl
(2020), com base na obra de Roberto Lent (2019) elucida que ". . . o
caminho ideal seria a ponte entre a neurociência e a psicologia cognitiva, com
o objetivo comum de promover a consolidação de estratégias educacionais
baseadas em evidências produzidas nas duas áreas de conhecimento" (Hohl,
2020, p. 133).
Ainda
que, na maioria dos casos, a ciência, enquanto elemento testado
cientificamente, conta com uma margem de erros, na educação existe uma lacuna
na mensuração destes dados (Lent, 2016, p. 9; Cosenza & Guerra, 2011, p.
145) uma vez que se trata de elementos que são desenvolvidos em diferentes
contextos, nem sempre nas condições ideais como número de alunos em sala,
formação de professores e suporte pedagógico necessário. Portanto, “. . . compreender como o cérebro
aprende, é fundamental para escolher atividades pedagógicas que estimulem as
sinapses e consolidem o conhecimento” (Vantroba et al, 2023, p. 4362) e desta
forma, construir um caminho permeado pela formação acadêmica e humana em sua
integralidade. Cosenza e Guerra (2011, p. 143), afirmam que “. . . o trabalho
do educador pode ser mais significativo e eficiente quando ele conhece o
funcionamento cerebral ”.
Deste
modo, importante destacar a LDB/1996 que
em seu artigo nº 58 declara que a Educação Especial deve ser ofertada
“preferencialmente” na rede regular de ensino e em 2008 com a Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva que em suas
diretrizes aponta para a inclusão de pessoas com deficiência no sistema regular
de ensino (Brasil, 1996, 2008). Em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) em seus artigos 27 e 28
(Brasil, 2015):
Incumbe ao poder público a responsabilidade
em garantir um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades,
atendendo as especificidades de forma a alcançar o máximo de desenvolvimento
possível dos estudantes público da educação especial.
Uma vez
garantido o direito de incluir pessoas com deficiências e/ou neurodivergentes
no sistema regular de ensino, passa-se a uma fase seguinte onde pais e
comunidade, destaque para o movimento autista no país[4],
passam a questionar, juntamente com educadores, métodos de ensino mais inclusivos,
que ensinem seus filhos a romper barreiras, possibilitando estabelecer conexões
neurais capazes de ajudá-los a aprender.
A comunidade médica, também passa a rever conceitos com relação a
medicação de pessoas com autismo. “No âmbito das descobertas científicas atuais, a
Medicina, afirma que, embora muito se tenha investigado sobre o autismo, ainda
não há uma medicação específica indicada (Lopes, 2019, p. 1350). E reforça que “. . . na
ausência de sintomas que justifiquem seu uso, a criança pode e deve ser tratada
sem o emprego de psicofármacos” (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019).
Roberto
Lent (2016, p. 9), indica alguns apontamentos sobre a contribuição da
neurociência para a educação:
a ciência também é importante para a
educação, embora isso não tenha sido descoberto pela maioria dos países,
inclusive os grandes. Eles estão começando a perceber que se pode embasar uma
política pública de educação com ciência.
Nessa
perspectiva passa-se a buscar um sistema ou método de ensino que habilite
técnicas mais assertivas nos processos de ensino e aprendizagem, não só das
pessoas com alguma neurodivergência, mas de todos os alunos.
Embora a
educação seja a principal ferramenta de desenvolvimento científico de um país,
ela “não é uma ciência autônoma, pois não existe um conhecimento autônomo de
educação” (Teixeira, 1957, p. 22), de modo que, a mesma, vem sendo construída a
partir de experimentos didáticos e pedagógicos, às vezes, isolados e
dedutivos do que seja ou não aplicável na arte de ensinar e no processo interno
de aprender. Para Anastasiou e Alves
(2015, p. 39), determinada forma de apreender um conteúdo revela também determinada
forma de pensar e estabelecer uma relação com o conteúdo e o contexto que o
cerca. Ao docente cabe “. . . desafiar, estimular, ajudar os estudantes na
construção de uma relação com o objeto de aprendizagem . . . e no coletivo
pedagógico conseguir uma ação integrativa no percurso formativo do aluno”
(Anastasiou & Alves, 2015, p. 39), buscando comprometidamente uma síntese
possível de “ensinagem” aplicável nos processos de construção do conhecimento
coletivo.
Contudo, todo esse emaranhado de ações e estudos para ensino
e aprendizagem ainda carecem de uma ação integrativa científica que mensure
dados, estabeleça padrões e critérios de avaliação para as diferentes
metodologias de ensino aplicadas nas salas de aula. Que o professor tenha
clareza e autonomia/suporte da forma que está aplicando esse processo de ensino
e aprendizagem, quais seriam as principais variantes e porque ou como ocorrem.
Por esta via, Lent (2016, p.
11), sugere um exemplo de como seria a pesquisa científica voltada para a
educação em si.
O modelo é o mesmo da pesquisa
translacional para a saúde. Propõe-se uma intervenção qualquer com base em
dados da ciência, como o caso do sono. Aí tem que avaliar se faz bem ou mal.
Será que faz mal? Essa seria a Fase 1 da pesquisa. Se conclui que não faz mal,
passa-se a Fase 2: será que faz bem? Então, estuda-se um pequeno grupo para ver
os efeitos de começar as aulas mais tarde. Se faz bem, parte-se para a Fase 3:
isso funciona com grandes grupos? Será que preciso fazer um estudo
multicêntrico para saber se o efeito é o mesmo em Hong Kong ou no Rio de
Janeiro. Funciona igual para meninos e meninas, pobres e ricos? Assim
utiliza-se o conjunto seriado de testes como os ensaios clínicos para
medicamentos; daí se conclui se o sono melhora o aprendizado de x% nas
situações y etc. é esse tipo de modelo de pesquisa que queremos estimular
quando falamos em ‘ciência para educação’.
Com base nas afirmações de Lent (2016), a educação desenvolve
seu processo de ensino baseado em evidências, porém não em pesquisas
científicas. Na educação verifica-se resultados em alguns casos e em outros não
se é possível haver aprendizagem. E muitas vezes, a fatídica conclusão a que se
chega é de que o aluno apresenta dificuldade de aprendizagem deste ou daquele
conteúdo. Em uma análise contextual “. . . são lançados com frequência
dispositivos tecnológicos que se dizem excelentes para a educação, mas não há
testes que confirmem essas alegações.”
Estabelecendo uma relação em outras áreas, como por exemplo, na “. . .
saúde não se pode lançar um medicamento novo no mercado sem ter passado por
todas as fases de pesquisa. O mesmo não acontece com a educação” (Lent, 2016,
p. 12).
Nesse contexto, a neurociência vincula-se a educação para
torná-la mais funcional, aplicável e positiva nos processos inclusivos
educacionais, no sentido de ampliar o entendimento neurológico sobre as
dificuldades de aprendizagem de um determinado indivíduo, colaborando com os
especialistas escolares sobre quais meios escolher ou trilhar para o melhor
desempenho deste ou daquele educando.
A partir da identificação de uma deficiência e/ou
neurodivergência, é importante produzir condições para desenvolver ou
potencializar habilidades na prática em um cotidiano organizado, com
atendimentos especializados e condições neuroestimulantes para que este
desempenho aconteça.
Ao se deparar com o cotidiano da educação, Anísio Teixeira,
na metade do século XX já alertava: “. . . toda essa dificuldade não é para
que o educador se entregue à rotina, ao acidente ou ao capricho, mas, muito
pelo contrário, busque cooperar na transição da educação do seu atual empirismo
para um estado progressivamente científico” (Teixeira, 1957, p. 6). E na ânsia
de entender como se processa a aprendizagem em alunos neurodivergentes e como
melhorar a qualidade da inclusão educacional, que a comunidade docente vai
também ao encontro da neurociência para buscar respostas, meios, caminhos de
ensinar com mais aprendizagem.
Considerando Dermeval
Saviani (2011), em sua obra “Pedagogia Histórico crítica: primeiras aproximações”, existe uma diferença conceitual entre o
cientista e o professor:
Enquanto o cientista está interessado em fazer avançar a
sua área de conhecimento, em fazer progredir a ciência, o professor está mais
interessado em fazer progredir o aluno. O professor vê o conhecimento como um
meio para o crescimento do aluno, ao passo que para o cientista o conhecimento
é um fim; trata-se de descobrir novos conhecimentos na sua área de atuação.
(Saviani, 2011, p. 65)
Este é o
momento que o educador de posse da ciência busca transformar a pesquisa
científica em base de ‘ensinagem’, de modo que:
Essa transformação é o processo por meio do qual se
selecionam, do conjunto do saber sistematizado, os elementos relevantes para o
crescimento intelectual dos alunos e organizam-se esses elementos numa forma,
numa sequência tal, que possibilite a sua assimilação. (Saviani, 2011, p.65)
Deste
modo acredita-se que, não há um caminho reto, sem curvas e condicionantes que
impedem a livre e ágil circulação dos professores e alunos. Mesmo havendo os
possíveis caminhos, ainda há inúmeros desafios no caminhar.
Sobretudo,
estudos neurocientíficos evidenciam que, por mais que utilizemos o cérebro a
todo momento, inclusive nas horas de sono, aprender conteúdos complexos é
desafiador, pois exige recursos cognitivos superiores, que mentalmente cansam e
demoram para ocorrer. Porém, existem estratégias metodológicas que propiciam a
motivação e a solução de problemas nas mais variadas áreas do conhecimento que,
“. . . uma vez capazes de aumentar o interesse e os níveis de satisfação dos
estudantes diante do que aprendem, são capazes de potencializar a aprendizagem”
(Costa, 2023, p. 5).
Com
passos capazes de aproximar a educação e a neurociência, esta passa a ser
vista como importante instrumento capaz de nortear novos conhecimentos na
educação, fornecendo ao educador fundamentos para repensar e
transformar sua prática
pedagógica, pois ao “.
. . conhecer o cérebro
e seu funcionamento, os
professores poderão exercer seu papel de maneira mais efetiva”, com
metodologias mais assertivas e maior clareza na relação erro e acerto na hora
da avaliação do aluno (Sá, Narciso & Fumiã, 2020, p. 5).
Vigotski (2007), trata da internalização das funções psicológicas
superiores no ser humano e da importante relação com o método pautado na
estrutura estímulo-resposta. “O desenvolvimento, neste caso, como
frequentemente acontece, se dá não em círculo, mas em espiral, passando por um
mesmo ponto a cada nova revolução, enquanto avança para um nível superior”
(Vigotski, 2007, p. 56). A ação contínua, estímulo resposta, leva o sujeito em
desenvolvimento, por aproximações sucessivas, a um nível de desenvolvimento
cognitivo superior. Ao reconstruir internamente uma ação externa, como o
estímulo, o ser humano ativa as funções psicológicas superiores, como a
memória, por exemplo.
Deste modo, o papel da neurociência na educação não é criar uma nova
pedagogia, mas sim “. . . entender como as redes neurais são determinadas no
instante da aprendizagem, assim como os estímulos chegam ao cérebro, como são
consolidadas as memórias e como acessamos essas” (Sá, Narciso & Fumiã,
2020, p. 5).
Assim, ao estudar a neurociência cognitiva, há a possibilidade de
melhorar o desempenho escolar de crianças neurodivergentes conforme elucida
Vantroba et al (2023, p. 4366):
Melhorar o processo ensino aprendizagem é um dos aspectos
que permite a associação entre neurociência e educação, enquanto a neurociência
descreve a estrutura e o funcionamento do sistema nervoso e a compreensão dos
processos cognitivos, a educação cria condições para que se efetive na prática
a integração de informações que promovam transformações significativas na
capacitação de professores e nas aplicações em sala de aula.
Dada a
complexidade do assunto para os educadores e a contemporaneidade das pesquisas,
como deve atuar a gestão educacional e os professores nesse cenário?
Levando
em consideração que os estudos revelam que “entender a singularidade de cada
cérebro que aprende e a diversidade dentro da sala de aula é essencial”, seria
fundamental a apropriação dos professores quanto aos resultados das pesquisas
em neurociência, podem contribuir para atuação docente, uma vez que é “. . .
imprescindível para o processo de ensino-aprendizagem, constituindo condição
para que os estudantes codifiquem, compreendam e memorizem informações”
(Vantroba et al, 2023, p. 4365).
Posto
isso, pensando em ampliar a atuação docente frente aos desafios da Educação
Inclusiva, analisando os anseios da categoria e a forma como gostariam que esta
atuação acontecesse, que se iniciou um processo de escuta ativa e observação de
sala de aula, com vistas a auxiliar nos processos inclusivos que causam dúvidas
aos professores.
Resultados
Critérios
iniciais
Este
relato refere-se à aplicação da metodologia observação de sala de aula em
turmas do ensino regular, no município de São Francisco do Guaporé-RO. Nas
turmas em que a observação foi realizada, havia um quantitativo de 15 a 32
alunos onde pelo menos um aluno era público da educação especial.
A organização da observação foi pensada e produzida a partir da demanda de formação continuada aos professores, visando melhorar o desempenho dos alunos público da Educação Especial desta rede municipal de ensino. Contudo, pensar uma formação conjunta com os professores, mediante a proposta da equipe pedagógica da secretaria municipal de educação, compreendia dialogar com este professor, conhecer sua prática, o contexto escolar em que estava inserido, ouvir suas demandas, conhecer sua formação inicial e como ocorria a formação continuada deste docente no decorrer de sua carreira. Deste modo, durante o mês de novembro de 2023, foi realizado um trabalho sistematizado de visita às escolas municipais[5] de São Francisco do Guaporé, a fim de averiguar os condicionantes da inclusão educacional nas escolas, e planejar uma formação continuada que fosse ao encontro da demanda das escolas, professores e dos alunos público da Educação Especial. Inicialmente, foi apresentado à gestão e aos professores de cada escola a metodologia de trabalho, pautada na observação de sala de aula (Reis, 2011) que consiste em três visitas organizadas em três fases: No primeiro momento, há a fase preparatória que é a conversa com o professor que tem alunos público alvo da educação especial na sua turma, neste momento foram realizadas quatro perguntas relacionadas aos desafios encontrados pelo docente em ensinar alunos com diagnósticos neurodivergentes, sendo elas: “Quais desafios específicos você encontra ao ensinar este componente curricular? Como você lida com a diversidade de estilos de aprendizado em sua sala de aula? Quais são as principais dificuldades que você encontra ao lidar com comportamentos disruptivos? Quais são as áreas em que você gostaria de receber mais apoio ou desenvolvimento profissional em relação a inclusão?” Essas perguntas representam um meio de ouvir as principais percepções que os docentes apresentam acerca das temáticas relacionadas ao ensino e aprendizagem na perspectiva da educação inclusiva.
Essa “. .
. fase preparatória da observação envolve a negociação de regras para a
realização das observações e, sempre que estas tenham um caráter mais formal, a
análise e discussão do plano de aula construído pelo professor” (Reis, 2011, p.
21). Pode o professor também sugerir pontos de atenção que devem ser anotados
pelo observador.
Ainda
neste encontro, agenda-se um momento para realizar a observação da sala de
aula, que consiste em uma visita de até quarenta minutos. E decide também a
data retorno ao professor com o feedback formativo. O “. . . estabelecimento de
um calendário de observações deverá ser acompanhado da negociação . . .” para
que haja maior confiabilidade pelas partes os critérios de observação também
devem ser esclarecidos neste momento (Reis, 2011, p. 21).
Em um
segundo momento, no dia e hora marcados ocorre a observação. Ao entrar em sala
de aula apresenta-se o observador para a turma e o motivo pelo qual está na
sala. Este momento proporciona diversos aspectos a serem considerados, porém se
deve levar em consideração os combinados com o professor. Nos combinados com o
professor, ocorre a exposição dos critérios que serão observados em sala de
aula, como: metodologia aplicada, gestão de tempo e sala de aula, relação
professor, aluno, aluno público da educação especial e auxiliar de sala. Neste
momento, também, além da observação, é possível interagir com os alunos,
sentindo pessoalmente as barreiras encontradas pelo professor e aluno(s) no
processo de ensino e aprendizagem.
No
terceiro momento, retorna-se à escola, na hora previamente definida para um feedback dos quesitos observados ao
professor. Neste espaço, além dos fatores positivos, também se conversa com o
professor a respeito de pontos de atenção observados.
Ainda no
terceiro momento, é oportunizado ao professor para deixar suas contribuições a
respeito de expectativas para melhoria dos processos de ensino, sobretudo aos
alunos público alvo da educação especial, ações assertivas já realizadas pela
secretaria municipal de educação e em que pontos sente as maiores fragilidades
em relação ao tema inclusão educacional. Desta forma, “O feedback construtivo proporcionado depois da observação constitui
um componente decisivo do processo supervisivo que pode ter um forte impacto no
desenvolvimento profissional dos professores” (Reis, 2011, p. 57). Eis o ponto
que motivou toda construção da pesquisa, ou seja, planejar uma formação que
produza o melhor resultado possível a partir das demandas apresentadas pelos
professores.
Desenvolvimento
Para a amostragem desta pesquisa foram feitos levantamentos
em cinco escolas de educação básica do município de São Francisco do Guaporé
-RO – Ed. Infantil e Ensino Fundamental, que apresentou um quantitativo de
cinquenta e seis alunos matriculados que apresentam diagnóstico de algum
transtorno neurológico dentre eles: 18 com Transtorno do Espectro
autista (TEA), seis alunos com diagnóstico de autismo acrescidos mais o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 20 estudantes com Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH). Os demais casos distribuem-se em Síndrome de
Down (2), encefalopatia (5), deficiência intelectual (4), surdez (2),
cegueira/baixa visão (2) e outros transtornos de aprendizagem compõe os demais
laudos como dislexia, Transtorno Misto de Comportamento e Aprendizado (TMCA) e
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Embora
este mapeamento da educação especial na perspectiva da educação inclusiva do
referido município seja relevante, ressalta-se que o foco da observação seria a
interação que acontece no processo inclusivo e como a aprendizagem é ofertada
aos educandos que apresentaram estas especificidades, bem como as principais
angústias dos docentes.
Resultados
Durante
as visitas pôde-se constatar pelos relatos dos professores que havia muitas
dúvidas com relação a como proceder diante da neurodiversidade. A metodologia de trabalho ‘observação de sala
de aula’ foi aplicada com vinte e dois professores da rede municipal das cinco
escolas regulares de ensino fundamental. Destes casos observados, apenas em
seis turmas os alunos que apresentam algum tipo de diagnóstico neurodivergente,
está sentado à frente, nos demais casos (trinta e cinco) sentam ao meio ou
fundo da sala na companhia de seu cuidador[6], segundo os professores regentes essa
organização oferece maior conforto ao educando e o cuidador não obstrui a visão
das demais crianças o que aconteceria caso sentasse a frente ao lado do aluno.
Nos seis casos em que as crianças acompanhadas pelo cuidador sentam a frente
demonstrou maior interação professor regente com o aluno e maior participação
da criança na aula. Ao fundo da sala, porém, há maior interação entre os alunos
regulares e o aluno com neurodivergência, contudo certo distanciamento em relação
a dinâmica pedagógica da sala, onde a maior parte das explicações gerais dos
conteúdos e uso de imagens e vídeos são feitos à frente da sala. Contudo, os
professores relataram e foi possível observar em sala, que há o deslocamento do
professor até a carteira dos alunos que necessitam de uma explicação
individualizada dos conteúdos estudados e comandos a serem executados, ação que
é dificultada quando o número de alunos em sala é excessivo.
Dentre as
ações assertivas da secretaria municipal de educação, como salas de
Atendimentos Educacional Especializado e acessibilidade na estrutura escolar,
todos os vinte e dois professores relataram que a presença dos auxiliares de
sala contribui para o desempenho pedagógico em sala de aula, ajudando além dos
alunos com neurodivergência, também a melhorar a dinâmica em sala de aula
tornando as aulas mais produtivas, fluindo melhor os encaminhamentos e
aplicabilidade de conteúdos e exercícios.
Dentre as
sugestões dadas pelos professores, onze dos vinte e dois professores sugeriram
formações específicas voltadas para as etapas da educação básica, seguida de
estratégias pedagógicas para as diferentes deficiências ou transtornos. Houve
também quatro pedidos de mais atendimento terapêutico especializado que é uma
fragilidade no município, dado que não há profissionais em todas as áreas como
fonoaudiologia e terapia ocupacional disponível pelo programa Sistema Único de
Saúde no município.
Dentre os
maiores desafios relatados pelos professores, evidenciados por certa
insegurança no atendimento da pessoa com deficiência e/ou neurodivergência, é
como realizar a gestão de sala de aula de modo assertivo para melhorar o ensino
aprendizagem de todos os alunos. É preciso considerar que, há turmas muito
numerosas, fator que dificulta sobremaneira a aprendizagem do aluno
neurodivergente e o acompanhamento individualizado do professor em sala.
Considerações
finais
Nesse
processo de ir a campo ocorre um descortinamento das diferentes realidades
inclusivas educacionais e neurológicas. “Estar no campo pode ser um período
intenso de viver junto, ou simplesmente uma série de visitas” (Spink, 2008, p.
73). Alguns relatos feitos durante as visitas demonstraram uma fragilidade de
conhecimento no que tange ao desenvolvimento neural de aprendizagem.
Diante
disso, uma proposta de formação que contemple uma ponte entre os estudos da
neurociência e a educação que acontece nas escolas e nas salas de aula
apresenta-se como um caminho que pode impulsionar a inclusão e o ensino regular
como um todo nos sistemas educacionais.
Para Lent
(2019, p. 105), as interações sociais representam fenômenos de grande
complexidade neural. As interações educacionais são um tipo importante de
interação social, pela qual alguém executa ações planejadas para motivar,
facilitar ou provocar aprendizagem de outros. Nesse processo existem duas
partes da interação, de um lado o professor, e de outro alguns ou muitos
alunos. Ao interagir professor e aluno,
“. . . o professor também aprende com os alunos e estes não apenas absorvem
informação, mas desenvolvem as chamadas competências socioemocionais que os
capacitam a produzir informação, ou obtê-la de modo mais criativo e ativo”. Ao
migrar suas metodologias de um modelo unidirecional (aulas expositivas) para
aulas mais interativas e dinâmicas que ampliem as possibilidades de
comunicação, o professor além de mediar o acesso ao conhecimento científico,
passa a ser importante elemento de desenvolvimento humano coletivo,
potencializando o desenvolvimento humano, social e comunitário superior ao
previsto no currículo.
Assim,
evidenciando esse potencial desenvolvimento humano, que a neurociência passa a
interessar-se cada vez mais pela dinâmica das salas de aula. “Se considerarmos
essas interações como produtos da conversa dos cérebros, passa a ser de grande
interesse científico conhecer de que modo isso ocorre” (Lent, 2019, p. 105).
Deste modo, considera-se que aproximar-se da sala de aula, juntamente com o
professor, oferece importantes contribuições para o desenvolvimento da
neurociência, da aprendizagem e do desenvolvimento educacional inclusivo do
País.
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[1] Universidade Estadual Oeste do
Paraná (UNIOESTE)
[2] Este Decreto foi revogado em 1º de
janeiro de 2023, pelo Decreto 11.370 (Brasil, 2023)
[3] “O termo neurodivergente, derivado
da palavra neurodiversidade foi usado pela primeira vez por Judy Singer em
1998, em sua obra “NeuroDiversity: The
Birth of an Idea” com o intuito de criar uma perspectiva diferente sobre o
TEA (Transtorno do Espectro Autista), atualmente, o termo abrange um grupo
heterogêneo de transtornos do neurodesenvolvimento e neurológicos” (Araújo;
Silva; Zanon, 2023, p. 3).
[4] Em 27 de dezembro de
2012, foi sancionada a Lei nº 12.764, que “Institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”. Resultado
de uma luta de mais de uma década, esta Lei representou um “. . . marco histórico
na luta pelos direitos dos autistas (Oliveira,
2017, p. 711)”,
pois incluiu o autismo no campo das deficiências, passando a participar das
garantias legais já conquistadas como “. . . benefícios financeiros, garantia à
educação em escolas regulares e de ingresso no mercado de trabalho (idem,
ibidem)”. Deste modo, as “. . . associações de pais e familiares capitanearam o
protagonismo do debate em relação ao autismo no país” (idem, ibidem) e
seguem na busca de melhoria nas condições de atendimentos, sobretudo, nas áreas
da saúde e educação.
[5] O Município tem 7 escolas
municipais, porém para esta pesquisa restringiu-se às escolas mais acessíveis
geograficamente, uma vez que duas escolas estão localizadas em regiões que o
acesso acontece somente por via fluvial.
[6] São profissionais atuantes na
função de cuidador sala de aula, a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com
Deficiência – LBI- em seu art. 28 incumbe ao poder público diversas ações para
assegurar o sucesso escolar de alunos público da educação especial, dentre as
ações está “XVII - oferta de profissionais de apoio
escolar” (Brasil, 2015).